quarta-feira, 3 de outubro de 2012

ESTUDO MOSTRA NÃO HAVER BENEFÍCIO DO USO DE BETABLOQUEADOR NA DAC CRÔNICA.

   Um estudo publicado recentemente  (Journal of  the American  Medical  Association,  published  on line October 2, 2012.), analisou o uso de betabloqueadores (BB) em pacientes com Doença Arterial Coronária (DAC) estável. Ele mostrou não haver benefício no uso de BB em três grupos de pacientes, que foram: portadores de DAC sem história de infarto do miocárdio (IM), aqueles com antecedentes de IM há um ou mais anos, e nos apenas portadores de fatores de riscos para DAC.
   O autor principal, Dr. Sripal Bangalore (New York University School of Medicine, Nova Iorque) disse que o uso de BB na DAC estável baseia-se em estudos pós-IM, ensaios que antecedem as terapias modernas de reperfusão, o que fez com que fosse extrapolado para pacientes com DAC e mesmo aqueles apenas com fatores de risco. Ele salientou que o estudo não foi sobre os pacientes pós enfarte agudo do miocárdio ou naqueles que têm insuficiência cardíaca (IC), o que já há muitos estudos mostrando os benefícios.
   O registro Redução da aterotrombose para a Saúde Contínua (REACH) analisou 44.708 pacientes, 14.043 (31%) tinham antecedentes de IM, 12.012 (27%) tinha DAC documentada, mas sem IM, e 18.653 (42%) apresentavam apenas factores de risco para DAC.
   O desfecho primário do estudo foi composto de morte cardiovascular, IM não fatal ou acidente vascular cerebral (AVC) não fatal. O desfecho secundário foi o resultado primário além de hospitalização por eventos aterotrombóticos ou um procedimento de revascularização, foram acompanhados em média por 44 meses.
   Os pesquisadores concluiram que as taxas de eventos não foram significativamente diferentes em pacientes com versos aqueles sem uso de beta-bloqueador para qualquer um dos desfechos avaliados, mesmo na coorte com IM prévio (16,9% vs 18,6%; hazard ratio [HR] 0,90, p = 0,14 ).
   No grupo DAC sem IM sozinho, o endpoint primário não foi significativamente diferente entre aqueles com versos aqueles sem uso de beta-bloqueador (12,9% vs 13,6%; HR 0,92, p = 0,31). No endpoint secundário os resultados foram piores entre aqueles que usaram betabloqueadores em comparação com aqueles que não o fizeram (OR 1,14, p = 0,01), sendo também o caso do desfecho terciário de hospitalização (OR 1,17, p = 0,01).
   O mesmo se aplica à coorte com fatores de risco sozinho, em que o endpoint primário foi maior entre aqueles que usaram BB do que aqueles que não o fizeram (14,2% vs 12,1%; HR 1,18, p = 0,02), assim como os taxas do desfecho secundário (22,0% vs 20,2%; OR 1,12, p = 0,04), mas não os resultados terciários de IM e AVC.
   Quanto a resposta durante quanto tempo o paciente deve continuar a tomar um BB após um infarto agudo do miocárdio não é realmente conhecida. A partir destes dados, não existe como responder a esta pergunta. Se um paciente após um ano de IM não tolerar mais o beta-bloqueador, por qualquer motivo, não tendo insuficiência cardíaca, os dados sugerem não haver nenhum mal em parar. O que não se deve fazer nos que têm insuficiência cardíaca, aonde este é um medicamento de grande importância e salva vidas. Da mesma maneira que estes dados não embasam a prescrição de BB para aqueles que foram submetidos a intervenção percutânea ou cirúrgica, que não tiveram infarto do miocárdio.
   As mais recentes recomendações da American Heart Association para prevenção secundária, deu aos beta-bloqueadores uma recomendação IIa para longo prazo da terapia e IIb para pacientes com DAC sem IM ou outra doença vascular. A Sociedade Europeia de Cardiologia recomenda a terapia de longo prazo com BB apenas em pacientes com disfunção sistólica ventricular esquerda (classe I).
   É necessário estudos randomizados na era de terapia médica de reperfusão moderna, mesmo em pacientes com infarto prévio, para realmente se definir quem é o melhor para o uso de BB e identificar a duração ótima do tratamento.
Referência: Heartwire

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

VINHO TINTO SEM ÁLCOOL REDUZ A PRESSÃO ARTERIAL.

   Pesquisadores da Universidade de Barcelona na Espanha, liderados pelo Dr. Gemma Chiva-Blanch, concluiram que os polifenóis encontrados no vinho tinto são os mediadores prováveis ​​da redução da pressão arterial e que o álcool parece reduzir seu efeito anti-hipertensivo. Eles sugerem que o consumo diário de vinho tinto sem álcool pode ser útil para a prevenção da hipertensão leve a moderada.
   Neste estudo, publicado na Circulation Research online em 6 de setembro de 2012, 67 homens com alto risco cardiovascular foram randomizados em três grupos de quatro semanas de tratamento em um ensaio clínico cruzado. Cada participante seguiram uma dieta rigorosa comum e também bebia vinho tinto (30 g de álcool/dia), e a quantidade equivalente de vinho tinto desalcoolizada, ou gin (30 g de álcool/dia). A pressão arterial e a concentração plasmática de óxido nítrico (NO), foram medidas no inicio e entre cada intervenção. Os homens que eram consumidores moderados de álcool antes do estudo, se abstiveram de beber álcool por um período de duas semanas do início do estudo.
 Os resultados mostraram que tanto a pressão arterial sistólica quanto a diastólica foi significativamente reduzida após a intervenção do vinho tinto desalcoolizado, e estas alterações foram correlacionadas com o aumento do óxido nítico no plasma. No grupo do vinho tinto, os homens tiveram uma pequena redução da pressão arterial e um pequeno aumento do óxido nítico, enquanto que não houve nenhuma alteração na pressão arterial e uma pequena redução do óxido nítrico no do gin.
   As alterações na pressão arterial (PA) e do óxido nítrico (NO) com as diferentes bebidas:
Mudanças da PA e NOVinho tinto Vinho tinto não alcoólico Gin
Pressão sistólica (mm Hg)     -2.3       -5.8-0.8
Pressão diastólica (mm Hg)     -1.0       -2.3-0.1
Óxido nítico (µmol/L)     +0.6      +4.1-1.4
   Os investigadores o relataram que, embora a redução da pressão arterial associada com vinho tinto sem álcool seja modesta, a redução desta magnitude tem sido associada com uma diminuição de 14% na doença cardíaca coronária e redução de 20% no risco de acidente vascular cerebral.
Referência: Heartwire

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

EFEITOS DO SEDENTARISMO SOBRE AS PRINCIPAIS DOENÇAS NÃO INFECCIOSAS NO MUNDO

   Este estudo avaliou o efeito do sedentarismo em doenças não transmissíveis: doença arterial coronária, diabetes tipo II, câncer de cólon e de mama, estimando o quanto dessas doenças poderiam ser evitadas se os indivíduos sedentários passassem a ser ativos, além de avaliar o ganho da expectativa de vida com essa medida.
   No mundo, foi estimado que o sedentarismo é responsável por 6% da doença arterial coronária, 7% de diabetes tipo 2, 10% de câncer de mama e 10% de câncer de cólon. Além disso, a inatividade causa 9% de mortalidade prematura.
   A tabela abaixo resume os riscos relativos associados ao sedentarismo, com e sem fatores de confusão ajustados, para os resultados estudados. O estudo demonstra também os dados para Brasil. 

Riscos relativos calculados através das ARF dos desfechos associados aos sedentarismo no Brasil.


   Se o sedentarismo diminuir, 10 ou 25%, mais de 533.000 e mais de 1.300.000 mortes podem ser evitados, respectivamente, a cada ano. A remoção do sedentarismo teria o maior efeito no câncer de cólon e o menor na doença coronária.
   O estudo estimou que a eliminação da inatividade física pode aumentar a expectativa de vida em 0,68 anos (0,41 a 0,95).
  O estudo demonstrou que o sedentarismo pode causar de 6 a 10% das principais doenças não transmissíveis, além de causar 9% das mortes prematuras (5,3 das 57 milhões de mortes em 2008). Esses achados apontam o sedentarismo como um fator de risco semelhante ao tabagismo e a obesidade. Estimou-se que o tabagismo foi responsável por 5 milhões de mortes em 2000, com uma aumento da expectativa de vida aumentada em 1,1 a 2,2 anos com a eliminação do fumo. Com a eliminação obesidade a expectativa de vida aumenta em 0,7 a 1,1 anos. Esses dados só enfatizam a importância de medidas de saúde pública para aumentar a atividade física praticada pela população. Se uma pequena parcela da população for estimulada e iniciar uma vida mais ativa, por exemplo, com 15 a 30 minutos de caminhada por dia, muitos benefícios, inclusive o aumento da sobrevida, poderão ocorrer.
   Critérios de atividades propostos pela Organização Mundial de Saúde,

Crianças entre 5 e 17 anos
Adultos entre 18 e 64 anos
Acima de 65 anos
Crianças e jovens com idades entre 5-17 deve acumular pelo menos 60 minutos de atividade diária com intensidade moderada a vigorosa.

Quantidades de atividade física maior do que 60 minutos podem fornecer benefícios adicionais de saúde.

A maioria da atividade física diária deve ser aeróbica. Atividades com intensidade vigorosa devem ser incorporadas, incluindo aquelas que fortalecem a musculatura e os ossos, pelo menos 3 vezes por semana.
Adultos com idade entre 18-64 anos deve fazer pelo menos 150 minutos de atividade aeróbica intensidade moderada durante a semana ou fazer pelo menos 75 minutos de atividade vigorosa durante a semana ou uma combinação equivalente entre a atividade moderada e vigorosa.

Atividade aeróbica deve ser realizada em sessões de pelo menos 10 minutos de duração.

Para benefícios adicionais de saúde, os adultos devem aumentar a sua atividade moderada para 300 minutos por semana, ou realizar uma atividade intensa com duração de em 150 minutos por semana, uma combinação equivalente entre a atividade moderada e vigorosa.

Atividades de fortalecimento da musculatura deve ser feito envolvendo grupos musculares maiores em 2 ou mais dias por semana.
   Os idosos devem fazer pelo menos 150 minutos de atividade aeróbica intensidade moderada durante a semana ou fazer pelo menos 75 minutos de atividade vigorosa durante a semana ou uma combinação equivalente entre a atividade moderada e vigorosa.
   Atividade aeróbica deve ser realizada em sessões de pelo menos 10 minutos de duração.
   Para benefícios adicionais de saúde, os adultos devem aumentar a sua atividade moderada para 300 minutos por semana, ou realizar uma atividade intensa com duração de em 150 minutos por semana, uma combinação equivalente entre a atividade moderada e vigorosa.
   Idosos com pouca mobilidade, devem realizar atividade física para melhorar o equilíbrio e evitar quedas, em 3 ou mais dias por semana.
   Atividades de fortalecimento da musculatura deve ser feito envolvendo grupos musculares maiores em 2 ou mais dias por semana.
   Quando não for recomendado a realização de atividade física por motivo de saúde, eles devem ser tão fisicamente ativos quanto as suas capacidades e as condições permitirem.

Rederências: Cardiosouce, The Lancet, NCBI

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

CAMPANHA UM MILHÃO DE CORAÇÕES

    A campanha UM MILHÃO DE CORAÇÕES foi criada pelo Departamento de Saúde dos Estados Unidos com objetivo de diminui um milhão de infarto do miocárdio (IM) e Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) em cinco anos, tendo em vista as Doenças Cardiovasculares (DCV) serem as principais causas de mortes nos EUA, sendo os IMs e os AVCs as principais causas de DCVs. Ela visa combater as pricipais etiologias destas patologias.
   Um em cada três adultos Americanos têm hipertensão arterial (HA), e apenas metade deles estão controlados. Esta é a razão fundamental por que as organizações públicas e privadas dos EUA se uniram em setembro de 2011, em um esforço sem precedentes, para ajudar os Americanos a melhorarem a saúde dos seus corações. Juntos, criaram os milhões de corações ™ iniciativa que visa impedir um milhão de infartos do miocárdio e AVCs até 2017, por meio de intervenções clínicas e comunitárias.
   Em seu primeiro ano, teveram milhares de apoios. Profissionais médicos, agências de saúde pública, sistemas de saúde e empresas privadas, assumiram o compromisso específico para alcançar o objetivo. Os organizadores estão satisfeitos por estarem trabalhando juntos para reduzir a hipertensão arterial, a principal causa de infarto do miocárdio e AVC. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) publicou o mais recente relatório relatando que a maioria das pessoas com hipertensão que estão sendo tratadas não estão controladas. Estas são oportunidades perdidas que fazem diferenças na vida do paciente e para a saúde do país.
    Trabalho em equipe foi a forma de resolver este problema. Em maio, os serviços de prevenção dos EUA,  recomendaram uma força tarefa de cuidados a domicílio para controle da pressão arterial. A força tarefa descobriu que o controle da pressão arterial melhorou quando atendimentos foi feita por uma equipe de profissionais de saúde, um médico apoiado por um farmacêutico, enfermeiro, nutricionista, assistente social, ou  profissionais da comunidade de saúde, em vez de um médico sozinho. Ao adotar essa abordagem, alguns dos parceiros, incluindo os dos Médicos privados, Clínicas comunitárias, e grandes sistemas de cuidados de saúde, têm sido capazes de ajudar mais de 80% de seus pacientes a controlarem as suas pressões. A meta é ajudar mais de 10 milhões de americanos hipertensos controlarem suas pressões até 2017.
   Como pode-se controlar melhor a pressão arterial? Fazer o controle uma prioridade. Medir e avaliar os dados através de indicadores Médicos de qualidade. Reconhecer e premiar as práticas ou sistemas que estão liderando as metas. Identificar os pacientes que não estão sendo tratados ou ainda não estão sob controle. Estimular os pacientes a auto-monitorização, e certificar se eles estão sabendo fazer. Fazer uma leitura elevada como um sinal para adquirir e avaliar o padrão de pressão arterial durante o mês seguinte. Facilitar a adesão dos pacientes, prescrevendo regimes de medicamentos uma vez por dia, terapia combinadas, e retornos com 90 dias quando for o caso. Perguntar aos pacientes sobre as dificuldades que tem em tomarem os medicamentos, e incentivá-los a usar caixas de comprimidos específicas, uma ferramenta simples e comprovada para melhorar a aderência.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

META-ANÁLISE MOSTRA QUE CHOCOLATE BAIXA A PRESSÃO ARTERIAL

   Alimento rico em flavanol, o chocolate ou cacau consumido diariamente pode resultar em uma pequena diminuição na pressão arterial. É o que sugere uma revisão de 20 estudos de curto prazo feita pelo Dr. Karin Ried e colegas da Universidade de Melbourne, Austrália.
   A pesquisa, foi publicada no dia 14 de agosto de 2012 no Banco de Dados Cochrane de Revisões sistemáticas, atualização de meta-análise de cinco estudos e quinze ensaios. Na atual revisão, cerca de 900 indivíduos saudáveis, que consumiram cerca de 100 g de chocolate ou cacau diariamente apresentaram uma redução em média de 2,77 mmHg na pressão arterial sistólica e 2,20 mmHg na pressão diastólica, em comparação com indivíduos controle.
   O efeito da ingestão de "produtos ricos em flavonóides de cacau foi comparável as modificações de estilo de vida, como dieta e exercício ( redução de 3 a 5 mmHg ) e pode servir como uma opção de tratamento complementar.
   Isso é importante, uma vez que estudos epidemiológicos têm ligado a reduções ainda pequenas na pressão arterial, com efeitos benéficos sobre a saúde cardiovascular. No entanto, estudos mais longos são necessários para melhor elucidar os benefícios do chocolate, determinar as dosagens ideais, e examinar os resultados, tais como as doenças cardiovascular e acidente vascular cerebral.
Referência: The heart.org

domingo, 19 de agosto de 2012

RESUMO DOS TRABALHOS APRESENTADOS NO XX CONGRESSO BRASILEIRO DE HIPERTENSÃO

Resumo dos estudos apresentados no XX Congresso Brasileiro de Hipertensão 2012, encerrado no dias 07 de agosto de 2012, no centro de convenções Rebouças em São Paulo.
Referência: Revista Hipertensão