sexta-feira, 15 de junho de 2012

ESTUDO MOSTRA CONSUMO DE CAFÉ INVERSAMENTE PROPORCIONAL A MORTALIDADE.

   Um estudo, publicado recentemente no NEJM, que utilizou os dados do National Institutes Health (NIH) - AARP Diet and Health Study, realizado entre 1995 e 1996, no qual 617.119 participantes com idade entre 50 e 71 anos responderam a um questionário sobre dieta e estilo de vida. Destes, 566.401 responderam o questionário de forma satisfatória. Foram excluídos indivíduos com antecedente de doença neoplásica, doença cardíaca, acidente vascular cerebral e aqueles que não responderam às informações sobre consumo de café e tabagismo, ou que apresentavam uma dieta com consumo calórico muito baixo ou muito elevado. Isso resultou na inclusão de 229.119 homens e 173.141 mulheres.   
   O consumo de café foi avaliado em categorias, variando de 0 a 6 xícaras por dia. Além disso, os consumidores de café forneceram informações sobre o tipo de café consumido: com ou sem cafeína. O seguimento dos pacientes foi realizado entre 1996 e 2008. As causas de óbito foram distribuídas conforme a Classificação Internacional de Doenças (CID). As características de base dos participantes foram ajustadas para modelos multivariados e foram excluídos fatores de confusão.  Os consumidores de café fumavam mais, consumiam mais de 3 doses de álcool e mais carne vermelha. Além disso, tinham menor nível socioeconômico, praticavam menos atividade física, consumiam menos frutas, vegetais e carne branca. 
  Os não consumidores de café apresentavam maior incidência de diabetes, especialmente as mulheres. Aproximadamente 2 terços dos consumidores de café faziam uso de café com cafeína. 
   Durante 14 anos de seguimento, 33.731 homens e 18.784 mulheres foram a óbito. Em uma análise ajustada para idade, o consumo de café foi inversamente proporcional à mortalidade. Veja abaixo o risco relativo ajustado de mortalidade dos indivíduos que consumiam café, em comparação aos que não consumiam, de acordo com a quantidade ingerida e o sexo:

Café consumido Risco Relativo IC 95%
Homens Mulheres Homens Mulheres
Menos que 1 xícara 0,99 1,01 0,95 – 1,04 0,96 -1,07
1 xícara 0,94 0,95 0,90 – 0,99 0,90- 1,01
2 – 3 xícaras 0,90 0,87 0,86 – 0,93 0,83 – 0,92
4 - 5 xícaras 0,88 0,84 0,84 – 0,93 0,79 – 0,90
6 ou mais xícaras 0,85 0,85 0,78 – 0,93 0,78 – 0,93
      P tendência (p trend) <0,001 para ambos os sexos
     As causas específicas de óbito também foram avaliadas. Após ajuste multivariado, o consumo de café foi inversamente associado, tanto em homens e mulheres, à mortalidade por doença cardíaca, doença respiratória, acidente vascular cerebral, diabetes e infecções. Entretanto, existiu uma associação discretamente positiva entre o consumo de café e a mortalidade por câncer em homens. Em mulheres não houve associação entre a ingestão de café e a mortalidade por neoplasias.
   O café é a bebida mais consumida no mundo. Ele contém cafeína, um estimulante, por isso geralmente não é considerado como parte de um bom estilo de vida. Entretanto, o café é rico em antioxidantes e outros compostos bioativos que já foram associados inversamente a biomarcadores inflamatórios e resistência a insulina. Seu real papel para a saúde, todavia, é incerto.
   O estudo publicado no New England Journal of Medicine observou uma associação inversa, dose dependente, entre o consumo de café e a mortalidade por qualquer causa, mesmo após ajuste para possíveis fatores de confusão (principalmente tabagismo). Homens que consumiam 6 ou mais xícaras de café por dia apresentaram um risco relativo de mortalidade 10% menor em comparação a homens que não consumiam café. Nas mulheres, essa redução foi de 15%. Essas associações persistiram independentemente do índice de tabagismo e do IMC dos participantes.

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