sábado, 14 de junho de 2014

DIETA VEGETARIANA E HIPERTENSÃO ARTERIAL

   A dieta, atividade física, perda de peso, controle do estresse, assim como deixar de fumar, diminuir a ingesta de bebidas alcoólicas e gorduras, controlar a diabetes são muito importantes para combater as doenças cardiovasculares, em especial o infarto agudo do miocárdio. A dieta DASH ( Dietary Approaches to Stop Hypertension ), uma dieta rica em frutas, fibras e minerais, verduras, laticínios e baixo teor de gorduras, tem impacto importante na prevenção (reduziu em 14% o desenvolvimento de hipertensão arterial) e na redução da pressão arterial (redução de 9 a 14mmHg), sendo a mas recomendada para os pacientes hipertensos.
  Recentemente (fev.2014) foi publicada na Revista JAMA (The Journal of the American Medical Association) uma meta-análise que fez uma revisão sistemática de ensaios clínicos controlados e estudos observacionais, com a finalidade de observar a associação entre dietas vegetarianas e redução da pressão arterial (PA), para ver se esta poderia ser usada para reduzi-la. Estudos anteriores sugeriram uma associação entre dietas vegetarianas e menor pressão arterial (PA), mas a relação não está bem estabelecida. 
   Foram revisados 7 ensaios clínicos e 32 estudos observacionais, do período de 1990 a 2013, em que a PA foi avaliada em participantes que fizeram dietas vegetarianas.  Nos sete ensaios clínicos controlados, um total de 311 participantes, o consumo de dietas vegetarianas foi associado com uma redução média da PA sistólica  de 4,8 mmHg e diastólica de 2,2 mmHg, em comparação com o consumo de dietas omnívoros (normal). Nos 32 estudos observacionais, num total de 21.604 participantes, o consumo de dietas vegetarianas foi associado com uma redução da pressão arterial sistólica em média de 6,9 mmHg e diastólica de 4,7 mmHg, em comparação com o consumo de dietas omnívoros.
   A meta-análise mostrou que o consumo de dietas vegetarianas está associada com menor PA e que essas dietas poderiam ser um meio não farmacológico útil para reduzir a pressão arterial. Mais estudos são necessários para esclarecer quais os tipos de dietas vegetarianas são mais fortemente associadas a redução da pressão. A investigação sobre a implementação de tais dietas, seja como iniciativas de saúde pública com o objetivo de prevenção da hipertensão ou em ambientes clínicos, seriam de grande valor.
   O apoio financeiro para este estudo foi  por uma ajuda não reembolsável da Sociedade Japonesa para a Promoção da Ciência.
Referência: JAMA (click)

terça-feira, 29 de abril de 2014

O USO DA MACONHA PODE AUMENTAR AS COMPLICAÇÕES CARDIOVASCULARES EM ADULTOS JOVENS.

  A associação da cannabis com distúrbios neuropsiquiátricos já é conhecida. Pouco se sabe sobre a sua associação com outros sistemas, em especial ao cardiovascular, porém vem aumentando os relatos de complicações cardiovasculares relacionadas ao seu uso, sugerindo que ela possa ser um possível fator de risco para doenças cardiovasculares (DCV) em adultos jovens.
  Na França, os casos graves de abuso e dependência de substâncias psicoativas devem ser comunicados ao sistema nacional da rede Addictovigilance francesa. Este estudo analisou 35 complicações cardiovasculares relacionadas ao consumo de cannabis. Os pesquisadores analisaram os casos graves de abuso e dependência relacionados com substâncias psicoativas do banco de dados do  French Addictovigilance Network, no período de 2006 a 2010. Foram realizadas, neste período, 1.979 notificações espontâneas de complicações relacionadas ao uso de maconha. Destas, 35 (1,8%) foram de complicações cardiovasculares. Elas ocorreram principalmente em homens (85,7% ) com idade média de 34,3 anos. Vinte e dois casos envolveram complicações cardíacas, incluindo vinte SCA (Síndromes Coronárias Agudas); dez complicações vasculares periféricas, incluindo os membros inferiores, arteriopatias juvenil e doença Buerger -like; e três complicações cerebrais, angiopatia cerebral aguda, cegueira cortical transitória e espasmo da artéria cerebral. Em 9 casos, o evento levou à morte do paciente.
  No geral, o número de casos de complicações cardiovasculares aumentou de cinco ( 1,1%), dos relatórios relacionados à cannabis em 2006, para 11 (3,6 %) dos relatórios relacionados à cannabis em 2010.
 Em conclusão, o estudo mostra que o aumento de complicações cardiovasculares relacionados à cannabis é extremamente sério (uma taxa de mortalidade de 25,6% ), e indicam a cannabis como um possível fator de risco para doença cardiovascular em adultos jovens, em consonância com os resultados anteriores. Tendo em vista que a cannabis é percebida como inofensiva pelo público em geral e que a legalização de seu uso está sendo debatida, os dados relativos ao seu perigo devem ser amplamente divulgados. Os profissionais devem estar cientes de que a maconha pode ser um fator desencadeante potencial de complicações cardiovasculares em jovens.
  Uma limitação do estudo é que o uso de cannabis relacionada com eventos cardiovasculares foram provavelmente sub-notificados. Ainda assim, este trabalho sugere uma ligação do uso de cannabis a eventos cardiovasculares, sendo merecedor de nossa atenção, e um alerta para a necessidade de mais pesquisas neste campo. Os autores observaram que estudos randomizados controlados para estudar a segurança de maconha pode ser antiético, mas sugeriram que a adoção de um sistema similar ao Addictovigilance Francês, com notificação obrigatória de complicações médicas relacionadas ao uso de maconha é muito importante. É de responsabilidade da comunidade médica determinar a segurança da droga antes que seja amplamente legalizado para uso recreativo.
Referência: Journal of the AHA, Cardiology today.

domingo, 20 de abril de 2014

MORTE SÚBITA CARDÍACA.

   A morte súbita é definida como aquela  que ocorre até uma hora após início dos sintomas de um evento agudo ou reagudização.  As doenças cardíacas são as principais causas, em pessoa sabidamente portadora, ou não, de doença cardíaca.
  No Brasil ocorrem  aproximadamente 250 mil mortes súbitas por ano, a maioria extra hospitalar,  70% delas no domicílio, portanto longe de um local que possa prestar assistência. A principal causa cardíaca de morte súbita em adultos é a doença coronária que ocasiona  isquemia miocárdica e esta levando à fibrilação ventricular que é o principal mecanismo da morte súbita, e cujo tratamento é um choque não sincronizado monofásico de 360j ou bifásico de 200j. Se este choque, que é a desfibrilação, não for executado, a cada minuto a vítima perde 10% de chance de sobreviver, portanto após 10 minutos, a chance de sobrevivência é praticamente zero.
  Como dito anteriormente, a maioria das mortes súbitas ocorre fora de um hospital (domicílio, aeroportos, estádios), e o tempo para revertê-las é muito curto, menos de 10 minutos, sendo difícil  o tratamento a tempo. Baseado nesta situação, foi criado o DEA ( desfibrilador externo automático), um aparelho que diagnostica e trata esta arritmia, de fácil manuseio e que pode  ser usado por leigos treinados. Ele deveria ser colocado nos lugares onde a incidência de morte súbita é maior. Em vários países do primeiro mundo é lei, a obrigatoriedade de tê-lo nestes locais.
   Existem várias outras causas de morte súbita de origem cardíaca,  principalmente em jovens, nos quais as doenças coronárias são menos comuns, tais como: Miocardiopatias (miocardiopatia hipertrófica, doença de Chagas entre outras), doenças arritmogênicas (displasia arritmogênicas do ventrículo direito), alterações da eletrofisiologia do coração (QT longo), inflamatórias (miocardites), doença valvar principalmente da aorta, medicamentos, cocaína, energéticos, etc. Os portadores destas patologias podem ser diagnosticados e tratados e a morte súbita evitada, na sua maioria. Algumas delas, com a implantação de um CDI (cardiodesfibrilador implantável) quando a causa da arritmia é irreversível.
  Como a maior causa de morte súbita é a doença coronária, principalmente decorrente de arteriosclerose, é importante combater os fatores de riscos para a arteriosclerose tais como  dislipidemia,  hipertensão arterial, tabagismo, obesidade, sedentarismo, diabetes, estresse. Além de evitar excesso de drogas lícitas, ilícitas, energéticos e suas associações.

sábado, 5 de abril de 2014

PONTOS IMPORTANTES DAS NOVAS DIRETRIZES AMERICANAS (AHA/ACC) SOBRE FIBRILAÇÃO ATRIAL.

   Foram publicadas no dia 28 de março de 2014, as novas diretrizes sobre manuseio da fibrilação atrial (click) (FA) da AHA/ACC. Aqui alguns pontos analisados pelo Dr. John Mandrola e publicado no Theheart.org/Medscape.
1 . Diretrizes são para orientação. As diretrizes tentam definir práticas que atendam às necessidades da maioria dos pacientes, na maioria dos casos o julgamento final sobre os cuidados de um paciente em particular deve ser feita pelo médico e o paciente na luz de todas as circunstâncias apresentadas por esse paciente. 
2 . FA não valvular recebe uma definição: FA não valvular é o que ocorre na ausência de estenose mitral reumática, uma válvula cardíaca mecânica ou prótese biológica, ou a reparação da válvula mitral. 
3 . Flutter atrial recebe um destaque especial: O aumento da incidência de flutter típico, que é chamado cavotricuspídeo - istmo (CTI) dependente, está associado ao aumento da obesidade, apnéia do sono, uso de drogas, e avanço da idade da população. 
Os autores exortam os cuidados com o diagnóstico de flutter / FA, especificamente chamando o fato da FA poder ser confundido como um flutter atrial, erro comum no mundo real. Esforços para distingui-las são importantes para aconselhar os pacientes sobre as expectativas de ablação. O flutter é fácil para retirar, e a FA não.
4 . Recomendações de terapia antitrombótica: Recomendação classe I em pacientes com FA, a terapia antitrombótica deve ser individualizada com base na tomada de decisão compartilhada após discussão do risco relativo de acidente vascular cerebral, sangramentos, valores e preferências do paciente. 
Use a pontuação do CHA2DS2 - VASc ao invés da pontuação CHADS2. Escores de sangramento, como HAS- Bled, Reite, e HEMORR2HAGES podem ser útil na definição de risco, mas as evidências para usá-los e recomendações específicas não são suficiente.
Os anticoagulantes não antagonistas da vitamina K ( NOAC ), etexilato de dabigatrana, a rivaroxabana e apixaban, foram adicionados ao warfarin como terapia preferida.
Os pacientes com dificuldades para manter INRs estáveis ​​podem ser considerados para drogas NOAC. A maiorias das vezes reflete déficits na educação e/ou a adesão do paciente. Nenhuma destas são necessariamente boas situações para o uso de drogas NOAC .
Estratégias com heparina não fracionada ( HNF) ou heparina de baixo peso molecular (HBPM) veio com redação forte, como ponte, para  equilibrar os riscos de acidente vascular cerebral e hemorragia.
Em pacientes com FA que são submetidos a colocação de stent, stents de metal pode ser considerados, para terapia antiplaquetária dupla (menos aspirina) .
5 . Pouco benefício com aspirina: Não há estudos, com exceção do SPAF-1, que mostrou benefícios  da aspirina sozinha na prevenção de AVC em pacientes com fibrilação atrial. O estudo Birmingham Fibrilação Atrial Tratamento do Idoso ( BAFTA ) que comparou a varfarina e aspirina em indivíduos de alto risco maiores de 75 anos, mostrou que aqueles tratados com varfarina tiveram menos acidentes vasculares cerebrais e taxas similares de hemorragia. O risco de hemorragia intracraniana foi de 1,4% com a varfarina e de 1,6% com aspirina. Também foram questionar a prática comum de usar aspirina em pacientes de baixo risco.
6 . Warfarin vs NOAC drogas: O que é notável sobre a discussão de como e por que escolher entre os agentes, foi o que os autores não disseram. Eles não usam a palavra superior, nem recomendam uma droga em detrimento de outro. Em vez disso, deve-se saber os prós, os contras, e as expectativas de cada droga. Os Médicos devem ser capazes de avaliar os resultados dos ensaios clínicos que envolveram mais de 50.000 pacientes e contou coisas fáceis de contar, como acidentes vasculares cerebrais, sangra, e mortes.
7 . O clusão do LAA (Apêndice Atrial Esquerdo): Dispositivos de oclusão do apêndice atrial esquerdo percutâneas ganhou um par de parágrafos, mas recomendações formais foram feitas. Comentários sobre o fechamento cirúrgico no momento da cirurgia cardíaca concomitante foram interessantes. Os dados atuais sobre a oclusão do LAA no momento da cirurgia cardíaca concomitante, revela uma falta de consenso claro, por causa da inconsistência das técnicas utilizadas para a excisão cirúrgica, as taxas altamente variáveis ​​de oclusão LAA bem sucedida, e o desconhecido impacto da oclusão do LAA e se pode ou não ter impacto sobre futuros eventos tromboembólicos. 
8 . Taxa de controle da frequência: Não houveram muitas surpresas nas recomendações sobre taxas de controle. Aqui estão quatro tópicos que vale a pena mencionar :
Controle de freqüência aguda: bloqueadores dos canais de Ca bloqueador vs beta-bloqueador? Os ensaios clínicos sobre taxa de controle, nas agudas, foram realizados em 1980 e 1990. Esses estudos tiveram pontos finais variáveis, amostras pequenas e eram muitas vezes a partir de sites individuais. Quando o controle imediato é necessário e uma via parenteral não está disponível , a administração oral é apropriado.
Seja cauteloso com a digoxina. Os escritores reiteram a farmacologia de digoxina e dão menção a meta-análises recentes que sugerem um possível sinal de dano. Atenção a janela terapêutica estreita da digoxina é louvável .
A estratégia de controle da FC para menos de 110 bpm pode ser razoável: A ressalva é que os pacientes permaneçam com função do VE preservada,  livre de sintomas. Observando as limitações do ensaio RACE- II , os escritores expressaram preocupação de que seus resultados podem não se aplicar bem a um amplo grupo de pacientes com FA.
Ablação AV ganha uma indicação classe IIa. Os autores deixam claro que este procedimento irreversível tem benefícios e riscos. Eles também nos fazem pensar sobre os benefícios da terapia de ressincronização cardíaca (CRT) para os pacientes que foram submetidos a ablação do nó AV que têm moderada a grave disfunção sistólica do VE .
9 . Controle do ritmo: Os autores são claros de que a terapia de manutenção do ritmo deve ser individualizada. Quatro temas me parecem notável .
O que é uma causa reversível de FA? Os autores dizem o seguinte: Classe I: Antes de iniciar a terapia com droga anti-arrítmica, o tratamento do que precipita ou causas reversíveis de FA é recomendado.
Em diretrizes passadas, esse tipo de texto implícitava causas subjacentes, como taquicardia ectópica atrial, hipertireoidismo, a ingestão aguda de alcoólica, infecção, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) exacerbação ou trauma. Corrigindo esses problemas a FA pode resolver-se. A ressalva interessante agora é que sabemos que a obesidade, apnéia do sono, hipertensão e síndrome metabólica são causas reversíveis de FA. Assim significa que devemos tratar esses problemas antes de iniciar o controle do ritmo? Porque se o fizermos, haverá muito menos pacientes com FA tratados e ablação. É provocante até mesmo pensar que os pacientes se ajudam. 
Grandes mudanças nas recomendações de ablação da FA: a ablação de FA foi movido para o status de primeira linha, tanto para pacientes com FA paroxística como persistente. Esta mudança bem-vinda alinha estas orientações com os da Europa. 
Classe III para duas falsas crenças. Ablação não deve ser realizada em pacientes que não podem ser tratados com anticoagulantes, e ablação não deve ser feita com a única intenção de evitar a anticoagulação. Isto pode parecer óbvio para electrofisiologistas mas não é bem conhecida no mundo real.
Não se esqueça sobre a opção cirúrgica labirinto: tanto isolada como em procedimento concomitante é mencionada como opção. 
10 . Pacientes especiais:
Atletas: duas estratégias particulares foram sugeridas para os atletas. Uma delas foi a abordagem para o uso de drogas anti-arrítmicas, pílula -in -the -pocket , e a outra foi a de considerar a ablação por cateter como terapia de primeira linha.
O paciente idoso ganhou menção. Dois parágrafos delinearam a necessidade de nuance e cuidado ao tratar os idosos com ferramentas de controle de ritmo. 
A cardiomiopatia hipertrófica (CMH): Os autores dizem que a taxa de sucesso e de complicações para ablação por  cateter parece ser semelhante para HCM e outras formas de doenças do coração.
Insuficiência cardíaca e FA: Houve um monte de princípios nessa discussão. Um ponto de notável ênfase foi a recomendação de usar bloqueadores dos canais de cálcio não diidroperidínico apenas em pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção normal. Como a maioria dos pacientes com a FA apresentam sem uma fração de ejeção conhecida (e muitas vezes têm pelo menos disfunção sistólica transitória), o uso reflexivo do diltiazem IV em departamentos de emergência e UTIs merece uma reavaliação .
   Alguns problemas gritantes. Ele vem sobre a anticoagulação com varfarina: apesar da forte evidência para a eficácia da varfarina, várias limitações levam a sua subutilização. Isto segue uma bela discussão sobre a importância de tomar decisões, aquelas compartilhadas que ligam preferências específicas do paciente. Portanto, para descrever uma terapia (dada por um médico a um paciente ) como subutilizadas enfraquecem a noção de cuidado individualizado. Qual é a taxa de utilização correta da varfarina ? A resposta é que ele não depende do que os médicos dizem que ele deve ser, mas o que informou, e o que os pacientes envolvidos acham que ele seja. Essa é a coisa sobre o cuidado FA: tudo é sensível à preferência. Colocar a tomada de decisão compartilhada como uma recomendação classe I para a anticoagulação é um enorme passo em frente. Este documento nos deixa mais perto do famoso tweet de Dr. Harlan Krumholz ( Universidade de Yale ) :
"Ter cuidado da mais alta qualidade é quando o paciente escolhe o caminho que melhor se adapta a seus valores, preferências e objetivos. E temos a certeza das decisões não são um resultado da ignorância ou medo. "
Referência:  theheart.org on Medscape with Dr John Mandrola

sábado, 29 de março de 2014

RELAÇÃO ENTRE A VITAMINA D E AS DOENÇAS CARDIOVASCULARES.

   A deficiência da vitamina D é uma condição altamente prevalente, em torno de 30% a 50% dos adultos nos países desenvolvidos, em grande parte devido a produção cutânea inadequada, resultado de uma diminuição da exposição solar, e em menor grau a menor ingesta. Ela está associada a maioria dos fatores de risco e a morbimortalidade cardiovascular. Um nível sérico da 25-hidroxivitamina D menor do que 20ng/ml indica uma deficiência da vitamina D e acima de 30ng/ml é considerado ótimo.
   Enquanto  as funções endócrinas da vitamina D relacionada ao metabolismo ósseo e mineral já estejam amplamente estudadas, há evidência epidemiológica robusta sugerindo a associação da sua deficiência com a morbidade e mortalidade cardiovascular. Estudos experimentais tem demonstrado novas associações metabólicas dela sobre os cardiomiócitos, células endoteliais e musculatura lisa vascular. Níveis baixos estão associados a hipertrofia ventricular esquerda, disfunção vascular e ativação do sistema renina angiotensina aldosterona.
  Apesar de um grande corpo de evidências experimentais, transversais, prospectivas, a deficiência da vitamina D na patogênese das doenças cardiovasculares a sua implicação em relação causal ainda não foi estabelecida. Além disso os benefícios cardiovasculares da normalização da vitamina D naqueles sem doença renal e hiperparatireoidismo não foram estabelecidos. Ensaios clínicos randomizados de reposição da vitamina D empregando desfechos cardiovasculares proporcionarão muitas evidências necessárias para determinar o seu papel na proteção cardiovascular.
Referência: Medscape (Eur Heart J. 2013;34(48):3691-3698.)

segunda-feira, 24 de março de 2014

SINTOMAS RELACIONADOS AS ESTATINAS: O QUE É REALIDADE.

   Com frequência os pacientes associam as estatinas a determinadas manifestações clinicas, como dores musculares, cãibras e fadiga, principalmente aqueles que fazem a prevenção primária. É muito difícil uma pessoa não senti estes sintomas em alguns momentos da vida, seja em uso ou não de determinada medicação e como as estatinas são medicações de uso permanente eles podem se equivocarem.
 Uma recente meta-análise (13/03/2014), publicada no Jornal Europeu de Cardiologia Preventiva/ESC (click), envolvendo mais de 80.000 pacientes, de ensaios clínicos randomizados controlados por placebo, realizada sem o financiamento de qualquer agente público, comercial ou setores não-lucrativos, concluiu que apenas um pequeno número destes sintomas relatados por aqueles que tomam estatinas são realmente atribuível a elas. Os investigadores foram chamados por reguladores de medicamentos para fornecer evidências claras aos pacientes sobre os efeitos colaterais destas drogas.
  Explicando a necessidade de tal estudo, os autores observam que a avaliação da eficácia das estatinas é sempre baseada na evidência de ensaios clínicos randomizados (ECR) contra placebo, enquanto que a avaliação dos efeitos secundários não são. Eles  observaram que os eventos adversos listados para estatinas vem de várias fontes, incluindo estudos observacionais, em que a maioria são incapazes de diferenciar entre os eventos causados ​​pela droga ou por acaso.
  Este estudo analisou a prevalência dos efeitos colaterais de 29 ensaios clínicos randomizados realizados para a prevenção secundária (37.618) e primária ( 46.262 participantes ) das doenças cardiovasculares. Os dados sobre todos os efeitos adversos, eventos cardiovasculares e morte, foram gravadas, em ambos os tratamento e controle (placebo). Usando um modelo estatístico, os investigadores calcularam o aumento do risco para cada efeito colateral nas estatina e placebo.
  Entre a longa lista de efeitos colaterais avaliados, que incluíram náuseas, alteração renal, miopatia, rabdomiólise (destruição muscular), dor muscular, insônia, fadiga e distúrbios gastrointestinais, apenas o risco de novos casos de diabetes mellitus foi aumentado em tratamento com estatina.
   Nos 14 ensaios de prevenção primária, a distribuição aleatória de estatinas comparada com placebo aumentou significativamente a prevalência de diabetes de 0,5% (e igualmente reduzidas taxa de mortalidade de 0,5 %). Em ambos os ensaios de prevenção primária e secundária, a taxa de desenvolvimento de diabetes com estatinas foi de 3%, contra 2,4% com placebo, indicando, assim, que cerca de um em cada cinco novos casos de diabetes foi realmente associado a estatinas. Ao contrário, muitos efeitos colaterais normalmente atribuídos a estatinas ( nomeadamente miopatia , fadiga, dores musculares e rabdomiólise) não foram mais comuns nos braços da estatina que no do placebo.
   No geral, o estudo descobriu efeitos adversos graves em 14,6% dos pacientes que receberam estatinas e 14,9% receberam placebo nos ensaios de prevenção primária, e em 9,9 % dos que usaram estatinas e 11,2%  para o placebo nos ensaios de prevenção secundária. Da mesma forma, números comparáveis ​​de doentes abandonaram os ensaios por causa de eventos adversos sintomáticos, em torno de 12% e 15% respectivamente.
   Apesar dos resultados, os autores reconhecem que muitos pacientes do mundo real relatam sintomas com estatinas o que, contrasta acentuadamente com seus resultados.