O desenvolvimento de hipertensão arterial após o transplante renal é comum e está associada com um risco aumentado tanto para rejeição aguda do enxerto com para diminuição da sobrevida do paciente. A patogênese é multifatorial e a terapia ideal ainda não foi claramente definida.
Apesar da recuperação da função renal e melhoria de controle de volume intravascular com transplante renal, os problemas da hipertensão pós-transplante continuam a ser substanciais. A incidência de hipertensão pós-transplante é variável, mas considerável. A maioria dos estudos relatam taxas entre 60% e 80%. Em um estudo transversal de 409 pacientes transplantados renais estáveis, a incidência de hipertensão foi de 77,3%, com hipertensão definida como uma pressão arterial maior que 150/90 mmHg. Nesta análise, a maioria dos pacientes (68,9%) necessitaram de múltiplas drogas anti-hipertensivas. Da mesma forma, em receptores de transplante renal pediátrico, uma análise recente do banco de dados descreveu a incidência de hipertensão pós-transplante em 74%. As Diretrizes definem hipertensão como maior do que 140/90 mmHg, que é também a definição usada na maioria dos estudos de pacientes com insuficiência renal transplantados. No entanto, as diretrizes também recomendam como objetivo do tratamento uma PA inferior a 130/80 mmHg, para pacientes com diabetes ou taxa de filtração glomerular (TFG) abaixo de 60 ml/min/1.73 m². Assim, a verdadeira prevalência de hipertensão pós-transplante, usando essa referência é provávelmente de 95%. Frente ao fato de que os centros de transplante raramente relatam seus dados sobre os níveis alcançados de controle da pressão arterial, justamente pelo fato de que há diminuição do tempo de acompanhamento nos seus Centros Médicos de Transplante (como seus pacientes regressam ao seu nefrologista ou médicos de atenção primária), as taxas de controle da hipertensão é desconhecida. Esta falta de dados é preocupante, pelo fato de uma das principais causas de hipertensão pós-transplante está relacionada com inibidores da calcineurina (ie, ciclosporina e tacrolimus) e ao uso de corticosteróides. Os inibidores da calcineurina são conhecidos por serem diretamente nefrotóxicos. Eles diminuem o fluxo sanguíneo renal e eleva a pressão arterial através de múltiplos mecanismos, incluindo a estimulação da produção de endotelina e/ou dos sistemas simpático e renina-angiotensina (SRAA). Corticosteróides aumentam a retenção de sódio e água. O Tratamento é muitas vezes um desafio. A maioria dos pacientes transplantados renais estão em regimes de poliquimioterapia complexa, que pode está associado com uma adesão à medicação reduzida. Assim, a probabilidade de pacientes transplantados atingirem uma meta pressórica recomendada de menos de 130/80 mmHg é problemática. Para complicar essa tentativa de atingir o "adequado" controle da pressão arterial, importantes lacunas em nosso conhecimento faz as seguintes questões: Quais são as ótimas estratégias de tratamento anti-hipertensivo na diabetes e doença renal crônica? Os transplantados renal têm os mesmos benefícios da redução das doenças cardiovasculares e renais, com drogas que bloqueiam o sistema renina-angiotensina, (IECA) e bloqueadores dos receptores da angiotensina (BRA), como o observado na população geral? E qual é o nível ideal de pressão arterial para a proteção contra doenças cardiovasculares e disfunção progressiva do enxerto? É de 140/90 mmHg? É 130/80 mmHg? Ou se o objetivo deve ser modificado com base em comorbidades? Muitos, se não a maioria dos pacientes transplantados tem diabetes e / ou uma TFG estimada abaixo de 60 ml/min/1.73 m², e provavelmente se beneficiam com a redução da pressão arterial. Os pacientes provavelmente melhoram com a meta de pressão arterial abaixo de 130/80 mmHg, dada a informação de registros de dados. Esta meta ou talvez abaixo 120/70 mmHg pode ser o ideal para prolongar a função do enxerto.
A escolha de anti-hipertensivo depende das condições comórbidas do paciente. Muitas vezes os pacientes necessitam de algum tipo de diurético com base no seu estado de volemia e nível da função renal. Bloqueadores dos canais de cálcio diidropiridínicos podem substituir os diuréticos em alguns pacientes e podem ser particularmente úteis na atenuação da vasoconstrição intra-renal associada com uso de inibidores da calcineurina.
Os bloqueadores do SRAA devem ser considerados em indivíduos transplantado de rim após a estabilização da função do enxerto. Seu uso pode oferecer proteção tanto aos rins como contra as doenças cardiovasculares. Esses agentes são eficazes na redução da proteinúria. É possível que, como na população em geral com doença renal nativa, a albuminúria possa ser preditivo de eventos cardiovasculares. Conseqüentemente, as estratégias terapêuticas que reduzem a proteinúria pode ser importante para o tratamento. No entanto, não existem estudos clínicos prospectivos para sustentar essas hipóteses.
O tratamento da hipertensão em pacientes transplantados renais é complicado por polifarmácia com maior risco subseqüente de interações medicamentosas. Pacientes transplantados precisam ser educados sobre a importância do controle da pressão arterial e a modificação de estilo de vida, e que os medicamentos anti-hipertensivos frequentemente múltiplos são necessários. (Journal of the American Society of Hypertension, Pages 425-432, September 2011)
Publicação: JASH (click)
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