quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

DIETA " CARDIOLOGICAMENTE SAUDÁVEL" ACRESCENTA BENEFÍCIOS ÀS MEDICAÇÕES NA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES.

  Uma dieta de alta qualidade, saudável do ponto de vista cardiovascular, está associada com um menor risco de recorrência de eventos em pacientes que já possuem doença cardiovascular ou diabetes, segundo uma nova análise dos estudos ONTARGET e TRANSCEND . Esses achados se aplicaram globalmente, nos 40 países envolvidos nos estudos, e mostraram que os benefícios de uma boa nutrição foram aditivos aos efeitos protetores da medicação.
   Os chados principais foram de que uma dieta saudável do ponto de vista cardíaco - rica em frutas, vegetais, nozes, cereais integrais, e peixe - reduziu significativamente a possibilidade de um segundo infarto, acidente vascular encefálico ou óbito. O consumo dessa dieta reduziu o risco relativo de morte de etiologia cardiovascular em 35%, infarto do miocárdio em 14%, acidente vascular encefálico em 19%, e de insuficiência cardíaca congestiva em 28%, comparado com aqueles consumindo uma dieta mais pobre.
   Esse foi um grande impacto para a dieta como fator protetor. Algumas vezes os pacientes que possuem uma história de doença cardiovascular utilizam os medicamentos e pensam que tudo será resolvido com a medicação. É importante que os médicos transmitam essa mensagem e encorajem os pacientes de alto risco a melhorarem sua dieta. As pessoas vão levar isso mais a sério se vier de seu médico.
   Foram avaliadas a dieta de 31.546 homens e mulheres, com idade média de 67 anos, inscritos em dois estudos paralelos, multinacionais, randomizados e duplos-cegos que avaliaram os efeitos dos agentes anti-hipertensivos telmisartan, ramipril, ou sua combinação (ONTARGET) ou o telmisartan versus placebo (TRANSCEND) em 733 centros em 40 países de alta ou média renda. 
   Nessa análise nutricional, as dietas foram avaliadas no início do estudo, usando a forma reduzida do questionário de frequência alimentar, que traz 20 questões sobre os hábitos alimentares nos últimos 12 meses. Uma dieta "saudável" consistia no consumo elevado de frutas, vegetais, cereais integrais, nozes, e peixes em relação a carne e ovos. Foram utilizados dois índices que avaliaram a qualidade da dieta com base no questionário de frequência alimentar: o Escore de Risco Dietético e o Índice de Alimentação Alternativa modificado. A associação entre qualidade dietética e o desfecho primário composto de morte cardiovascular, infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico, ou insuficiência cardíaca congestiva foi avaliada usando a regressão de risco proporcional de Cox, ajustada para idade, sexo, alocação no estudo, região, e outros fatores de confusão conhecidos. Os pacientes no quinto mais saudável de dieta de acordo com Índice de Alimentação Alternativa modificado tiveram um risco significativamente menor de doença cardiovascular (razão de risco de 0,78, entre o maior e o menor quinto).
   Esse foi o primeiro estudo a relatar um impacto protetor da alimentação saudável nos eventos de óbito cardiovascular, novo infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico, e insuficiência cardíaca em pacientes em uso de medicações para prevenção secundária. E embora se concorde sobre as limitações desse tipo de análise. Esses dados sugerem que no mínimo 20% da recorrência da doença cardiovascular poderia ser evitada pela aderência a uma dieta saudável. O estudo mostrou que a dieta do tipo Mediterrânea é a melhor opção.
Referência: The Heart.org

domingo, 25 de novembro de 2012

TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DO CORAÇÃO

   A tomografia computadorizada do coração e do tórax foi um grande avanço nas imagens cardíacas, podendo detectar anormalidades nas estruturas do coração, principalmente no pericárdio e nos vasos cardíacos principais.
   O escore de cálcio (EC) e angiotomografia das artérias coronárias (ATAC)  são modalidades da tomografias cardíacas, cujas indicações e utilização vêm crescendo dia a dia.
   O EC avalia a quantidade de cálcio nas artérias do coração, achado que apresenta uma relação direta com a presença e a extensão da doença arterial coronariana aterosclerótica. Um EC elevado, maior do que 400, é indicativo de um maior risco de eventos cardíacos  como o infarto do miocárdio. Muitos pacientes com EC elevado, e médio risco no escore de Framingham, passam a ser considerados de alto risco. Valores de EC abaixo de 100 são consideraddos de baixo risco, e entre 100 e 400, médio risco. 
    Por isso, um EC elevado, aumenta o perfil de risco do pacientes e tem uma boa correlação com pelo menos uma lesão coronariana crítica. Este exame não serve para identificar obstruções nas artérias do coração. O EC  pode ser feito isolado através de uma tomografia de tórax ou juntamente com angiotomografia das artérias coronárias.
    A ATAC  é uma modalidade de tomografia computadorizada que utiliza inúmeros detectores de imagens (32 , 64 ou até mais de 300), permitindo a visualização das artérias do coração. Ela ainda não está indicada para substituir o cateterismo cardíaco no diagnóstico da doença arterial coronariana.
A ATAC ainda apresenta algumas dificuldades em quantificar estas placas de ateroma, podendo também sugerir a presença destas placas quando elas de fato não existem. Por um outro lado, quando uma ATAC não demosntra nenhuma presença de placas de ateroma, o quadro clínico passa a ser bastante tranquilizador, pois o exame é muito útil para afastar essa condição, valor preditivo negativo.
    Uma limitação das imagens obtidas através da ATAC  é que o coração é uma estrutura dinâmica, que se movimenta durante o exame, e o uso de uma quantidade significativa de contraste, aspecto que deve ser levado em conta nos pacientes com história de alergias ao contraste ou lesão renal e exposição a irradiação.
    Outra indicações:
- Anomalias congênitas e inflamações das artérias (vasculites)  são bem visualizadas.
- Avaliação de artérias coronárias anômalas (mal formação congênita).
- Avaliação de obstruções nas artérias coronárias em pacientes com probabilidade intermediária de doença arterial coronariana avaliada pelo escore de Framingham, e testes de isquemia como teste de esforço ou cintilografia miocárdica duvidosos ou conflitantes .
- Avaliação de obstruções nas artérias coronárias em pacientes com baixa probabilidade de doença arterial coronariana, avaliada pelo escore de Framingham, e testes de isquemia com teste de esforço ou cintilografia miocárdica positivos.
- Avaliação da patência de enxertos cirúrgicos, pontes de safena ou mamárias.
- Como uma opção ao cateterismo cardíaco na diferenciação de cardiomiopatias isquêmicas versus não isquêmicas.
- Como opção ao cateterismo cardíaco no seguimento de pacientes com doença de Kawasaki ( inflamação das artérias do coração ).
- Avaliação de pacientes com dor torácica.
Referência: BRATS, portal do coração.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

NEFROPATIA INDUZIDA POR CONTRASTE

   A Nefropatia Induzida por Contraste ( NIC) é a terceira causa de insuficiência renal aguda intra-hospitalar, sua incidência cresce dia a dia silenciosamente, já que existe um grande número de casos não diagnosticados.
   Para fins clínicos a NIC é definido como sendo a diminuição aguda da função renal após a administração sistêmica de um meio de contraste, sem outras causas aparentes. Diagnostica-se pela elevação da creatinina sérica em 25% ou, mais de 0,5 mg/dl de seu valor basal inicial, ou ainda pela queda da taxa de filtração glomerular (TFG) em mais de 25%. Normalmente é observada após um período de 24 a 48 horas após a administração do contraste, com um pico entre 3 e 5 dias, com retorno da função renal aos níveis basais entre 7 e 21 dias.
   A incidência de NIC é em torno de 4 a 6% em pacientes com função renal normal, e 15 a 20% naqueles com algum grau de disfunção, sendo a Diabetes Mellitus e a Insuficiência Renal (IR) os principais fatores de risco para o desenvolvimento de NIC, seguida pela IR em pacientes não diabéticos, insuficiência cardíaca congestiva avançada, idade acima de 70 anos, e desidratação ou diminuição do volume intravascular (seja por sangramentos ou por uso de diuréticos).
  A incidência real de NIC é desconhecida, já que na maioria dos casos não se realiza um acompanhamento adequado dos pacientes após os exames, por isso, não se detectam as mudanças na função renal. A maioria dos pacientes nos quais se realiza exame que utilizam meios de contraste são ambulatoriais, os quais logo após retornam às suas casas, e exames posteriores só são efetuados várias semanas após, se é que o são. Passado este tempo a função renal já retornou ao normal, o que, não significa que não houve dano renal, pelo contrário, as áreas do parênquima renal não lesionados compensam a falta de função dos nefrons danificadas pelo contraste.
   Além dos fatores de risco inerentes ao paciente, existem outros referentes aos procedimentos que se consideram de alto risco para o desenvolvimento de NIC, tais como o uso de meio de contraste de alta osmolaridade, grande volume, ou repetidas exposições do paciente a meio de contraste num período de 72 horas. A realização consecutiva de exames com meios de contraste tem efeito somatório para lesão renal, por isso aconselha-se não administrar mais de 100 ml de contraste em um período de três semanas. Portanto o contraste de baixa osmolaridade acaba causando menos riscos.
   Identifica-se também diferentes medicamentos que aumentam o risco de desencadear NIC, entre estes estão os antiinflamatórios não esteróides (inibem a síntese de prostaglandinas), os diuréticos (aumentam o risco de isquemia medular) e o dipiridamol, que bloqueia a recepção de adenosina.
   Tem-se proposto diferentes medicamentos para diminuir a lesão renal ante o uso de meios de contraste, porém, os estudos até o momento não são conclusivos ou desfavorável aos seus usos. A estratégia preventiva mais efetiva ante a NIC, aceita a nível mundial, é a expansão intravenosa do volume com solução de cloreto de sódio a 0,9%, 1ml\kg\hora, por um período de 12 horas antes do procedimento, e mantendo-se nas 12 horas seguintes.
   Diante da presença de risco elevado de desenvolver NIC, a estratégia mais efetiva é minimizar a exposição dos pacientes aos meios de contraste. Existem diversas alternativas diagnósticas, que são de grande utilidade e alta sensibilidade na avaliação de diferentes patologias. Diante da necessidade de avaliar as vísceras abdominais, por exemplo, o ultra-som pode ser um método ideal. Se se requer maior detalhamento, a ressonância magnética pode ser a alternativa.
    A identificação dos pacientes de alto risco de desenvolver NIC é essencial e determinante na batalha para diminuir sua incidência.
Referência:  tecnologiaradiologica

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

ANEURISMA DA AORTA ABDOMINAL - DEZ PONTOS A SEREM LEMBRADOS

   Em poucas situações na medicina, uma intervenção preventiva tem um impacto tão grande na modificação da história natural de uma doença, como nos aneurismas de aorta abdominal (AAA) localizados abaixo da emergência das artérias renais (infrarrenais), não somente por sua alta prevalência (90% a 95% de todos os casos de aneurismas de aorta), mas também pelo aumento de complicações e risco de morte que acompanham a correção de urgência (risco de morte 10 vezes maior do que na cirurgia programada).
   Para o estabelecimento de consensos para indicações de reparo eletivo dos AAA, no sentido de substanciar uma tomada de decisão, alguns aspectos sobre comportamento desta patologia devem ser considerados:
   1- Aneurismas abdominais são encontrados incidentalmente com frequência, sobretudo na população idosa. Vários estudos têm estimado que AAA são encontrados em 2% dos indivíduos aos 60 anos, e em cerca de 5% das pessoas com idade superior a 70% anos, sendo 2 a 3 vezes mais comum no homem do que na mulher.
   2- A associação de AAA com algumas doenças é conhecida e relativamente previsível: sabe-se que AAA podem ser encontrados em torno de 5% dos pacientes com aterosclerose coronária, em 9% nos casos de arteriopatia periférica, e em 30 a 50% dos pacientes com aneurismas poplíteos ou femorais.
   3- AAA são facilmente detectáveis pelo exame clínico e por métodos diagnósticos não invasivos. Em linhas gerais, um examinador experiente pode palpar diretamente aneurismas a partir de 5 cm de diâmetro, mas a precisão do diagnóstico somente pela palpação é inferior a 50%, ao passo que a ultrassonografia é hábil em diagnosticar AAA de qualquer diâmetro em 100% dos casos.
   4- A ruptura dos AAA é considerada um problema de saúde pública de grande magnitude, estimando-se em 15.000 óbitos ao ano nos Estados Unidos, os casos que conseguem chegar ao hospital, e talvez o dobro ou triplo deste número se incluídos todos os casos de morte súbita por AAA que ocorrem fora do ambiente hospitalar.
   5- A ruptura dos AAA é mais relacionada a aneurismas grandes, de crescimento rapidamente progressivo ou com início recente de sintomas. Estima-se que o risco de ruptura em 5 anos para aneurismas com menos de 5 cm de diâmetro seja inferior a 5%, enquanto nos aneurismas maiores de 5 cm o risco acumulado se eleva para 25% a 43%.A análise de alguns estudos identificou como maiores preditores de risco para ruptura a expansão rápida do AAA, e a presença de dor abdominal ou lombar significante, independente do tamanho do AAA.
   6- Aneurismas pequenos crescem com velocidade variável: embora estime-se que a média de expansão dos AAA deva ser de 0,4 cm/ano, existe uma grande variabilidade que torna impossível predizer a evolução em um indivíduo específico.
   7- O risco de morte ou complicações maiores com a cirurgia eletiva dos AAA é dependente da experiência do grupo cirúrgico e do volume cirúrgico do hospital, mas na era recente a mortalidade deve ser inferior a 5%. Embora estudos e registros recentes apontem uma mortalidade média de 3,5%, uma variação de até 10% pode ser observada entre cirurgiões ou entre instituições médicas.
   8- A presença de sintomas nos AAA é indicação cirúrgica consensual, independente do diâmetro, e incluem dor/desconforto lombar ou abdominal, embolização distal ou manifestações de compressão de estruturas vizinhas. Obviamente a cirurgia de emergência é mandatória nos casos suspeitos de ruptura.
   9- Também aneurismas de causa inflamatória têm indicação de correção eletiva independente das dimensões, por se acompanharem de manifestações sistêmicas significantes, como febre e emagrecimento.
   10- Em relação ao tratamento, os recentes Guidelines da American Association for Vascular Surgery e da Society for Vascular Surgery, sugerem que: 1) Pacientes assintomáticos de baixo risco devem ser considerados para cirurgia eletiva com diâmetro mínimo de 5,5 cm (em mulheres o diâmetro pode ser de 5,0 cm); 2) Casos de risco perioperatório significativo com 6,0 cm de diâmetro; 3) O manejo clínico ótimo deve incluir controle da hipertensão arterial e o abandono do fumo; 4) A terapia endovascular (implante de endoprótese) passa a ser uma alternativa válida em pacientes de alto risco cirúrgico e/ou com anatomia favorável; 5) O real benefício do tratamento endovascular de aneurismas pequenos não encontra-se ainda demonstrado, enquanto o papel da terapia endovascular no manejo de aneurismas rotos poderá modificar a alta mortalidade destes pacientes, quando submetidos à cirurgia convencional (aberta).
   Fonte: Diretrizes para o tratamento cirúrgico das doenças da aorta da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular.
   Matéria do Dr. Luiz Fernando Kubrusly - Cirurgião Cardiovascular - Curitiba/Paraná.
   Publicado com autorização do autor.

sábado, 13 de outubro de 2012

DILEMAS DO TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL NO OCTAGENÁRIO

   Um quarto dos americanos terão mais de 80 anos, em 2030, e a hipertensão estará onipresente nesta faixa etária. Esse aumento da longevidade é parcialmente explicado pelas melhorias nos tratamentos das doenças crônicas, especialmente a hipertensão. Um contínuo aumento da pressão arterial sistólica (PAS), com aumento da idade, já estar bem documentado em ambos os sexos , raças e etnias.
   A maioria dos estudos sobre hipertensão excluir octogenários, e não se deve generalizar os seus resultados devido as suas diferenças fisiológicas e social. A hipertensão já está bem caracterizada em adultos jovens e idosos, e agora o foco está na otimização dos regimes de tratamento. No entanto, as pesquisas envolvendo especificamente essa minoria que cresce rapidamente é escassa. A maioria dos estudos ainda estão tentando caracterizar as metas de pressão arterial (PA), e apenas uma série de grandes começou a avaliar as opções de tratamento. Com base nas evidências disponíveis, parece que uma meta de PA adequada pode ser um pouco maior em octogenários e que os diuréticos tiazídicos podem ser o tratamento inicial de escolha.
   As decisões sobre o tratamento da hipertensão em octogenários são extrapoladas a partir de dados coletados de pacientes que são muito mais jovens. Isto resultou em um campo vago e conflitantes de evidências que são difíceis de se tirar conclusões confiáveis. Questões não resolvidas persistem em relação a quem tratar, quando iniciar e parar o tratamento, e a eficácia relativa dos diferentes classes de drogas. Há uma grande necessidade de se saber, se em alguma idade, a hipertensão deixa de ser um fator de risco para os resultados adversos, e se o tratamento agressivo continua a ser benéfico. Embora a hipertensão seja normalmente tratada com medicação, isso pode não ser a melhor opção para os octogenários que são com frequência intolerantes a agentes atuais. Modificações do estilo de vida, tais como a cessação do tabagismo, exercício e baixa ingestão de sódio podem desempenhar um forte papel na redução da PA neste grupo. 
   Além disso, novas abordagens de intervenções para controle da pressão arterial estão em ascensão. Um tratamento experimental, é um gerador de impulsos implantável subcutâneo, que estimula os barorreceptores das carótidas, levando a uma diminuição na PA, através da ativação do sistema nervoso parassimpático. Outra intervenção recente é desnervação simpática renal seletiva, usando um cateter especialmente concebido para ablação dos nervos simpáticos ao longo das artérias renais. Por ablação destas fibras, ocorrem importantes reduções a longo prazo da PA. No entanto, nenhuma destas técnicas foi especificamente avaliada em octogenários e ambas permanecem experimental.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

ESTUDO MOSTRA NÃO HAVER BENEFÍCIO DO USO DE BETABLOQUEADOR NA DAC CRÔNICA.

   Um estudo publicado recentemente  (Journal of  the American  Medical  Association,  published  on line October 2, 2012.), analisou o uso de betabloqueadores (BB) em pacientes com Doença Arterial Coronária (DAC) estável. Ele mostrou não haver benefício no uso de BB em três grupos de pacientes, que foram: portadores de DAC sem história de infarto do miocárdio (IM), aqueles com antecedentes de IM há um ou mais anos, e nos apenas portadores de fatores de riscos para DAC.
   O autor principal, Dr. Sripal Bangalore (New York University School of Medicine, Nova Iorque) disse que o uso de BB na DAC estável baseia-se em estudos pós-IM, ensaios que antecedem as terapias modernas de reperfusão, o que fez com que fosse extrapolado para pacientes com DAC e mesmo aqueles apenas com fatores de risco. Ele salientou que o estudo não foi sobre os pacientes pós enfarte agudo do miocárdio ou naqueles que têm insuficiência cardíaca (IC), o que já há muitos estudos mostrando os benefícios.
   O registro Redução da aterotrombose para a Saúde Contínua (REACH) analisou 44.708 pacientes, 14.043 (31%) tinham antecedentes de IM, 12.012 (27%) tinha DAC documentada, mas sem IM, e 18.653 (42%) apresentavam apenas factores de risco para DAC.
   O desfecho primário do estudo foi composto de morte cardiovascular, IM não fatal ou acidente vascular cerebral (AVC) não fatal. O desfecho secundário foi o resultado primário além de hospitalização por eventos aterotrombóticos ou um procedimento de revascularização, foram acompanhados em média por 44 meses.
   Os pesquisadores concluiram que as taxas de eventos não foram significativamente diferentes em pacientes com versos aqueles sem uso de beta-bloqueador para qualquer um dos desfechos avaliados, mesmo na coorte com IM prévio (16,9% vs 18,6%; hazard ratio [HR] 0,90, p = 0,14 ).
   No grupo DAC sem IM sozinho, o endpoint primário não foi significativamente diferente entre aqueles com versos aqueles sem uso de beta-bloqueador (12,9% vs 13,6%; HR 0,92, p = 0,31). No endpoint secundário os resultados foram piores entre aqueles que usaram betabloqueadores em comparação com aqueles que não o fizeram (OR 1,14, p = 0,01), sendo também o caso do desfecho terciário de hospitalização (OR 1,17, p = 0,01).
   O mesmo se aplica à coorte com fatores de risco sozinho, em que o endpoint primário foi maior entre aqueles que usaram BB do que aqueles que não o fizeram (14,2% vs 12,1%; HR 1,18, p = 0,02), assim como os taxas do desfecho secundário (22,0% vs 20,2%; OR 1,12, p = 0,04), mas não os resultados terciários de IM e AVC.
   Quanto a resposta durante quanto tempo o paciente deve continuar a tomar um BB após um infarto agudo do miocárdio não é realmente conhecida. A partir destes dados, não existe como responder a esta pergunta. Se um paciente após um ano de IM não tolerar mais o beta-bloqueador, por qualquer motivo, não tendo insuficiência cardíaca, os dados sugerem não haver nenhum mal em parar. O que não se deve fazer nos que têm insuficiência cardíaca, aonde este é um medicamento de grande importância e salva vidas. Da mesma maneira que estes dados não embasam a prescrição de BB para aqueles que foram submetidos a intervenção percutânea ou cirúrgica, que não tiveram infarto do miocárdio.
   As mais recentes recomendações da American Heart Association para prevenção secundária, deu aos beta-bloqueadores uma recomendação IIa para longo prazo da terapia e IIb para pacientes com DAC sem IM ou outra doença vascular. A Sociedade Europeia de Cardiologia recomenda a terapia de longo prazo com BB apenas em pacientes com disfunção sistólica ventricular esquerda (classe I).
   É necessário estudos randomizados na era de terapia médica de reperfusão moderna, mesmo em pacientes com infarto prévio, para realmente se definir quem é o melhor para o uso de BB e identificar a duração ótima do tratamento.
Referência: Heartwire

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

VINHO TINTO SEM ÁLCOOL REDUZ A PRESSÃO ARTERIAL.

   Pesquisadores da Universidade de Barcelona na Espanha, liderados pelo Dr. Gemma Chiva-Blanch, concluiram que os polifenóis encontrados no vinho tinto são os mediadores prováveis ​​da redução da pressão arterial e que o álcool parece reduzir seu efeito anti-hipertensivo. Eles sugerem que o consumo diário de vinho tinto sem álcool pode ser útil para a prevenção da hipertensão leve a moderada.
   Neste estudo, publicado na Circulation Research online em 6 de setembro de 2012, 67 homens com alto risco cardiovascular foram randomizados em três grupos de quatro semanas de tratamento em um ensaio clínico cruzado. Cada participante seguiram uma dieta rigorosa comum e também bebia vinho tinto (30 g de álcool/dia), e a quantidade equivalente de vinho tinto desalcoolizada, ou gin (30 g de álcool/dia). A pressão arterial e a concentração plasmática de óxido nítrico (NO), foram medidas no inicio e entre cada intervenção. Os homens que eram consumidores moderados de álcool antes do estudo, se abstiveram de beber álcool por um período de duas semanas do início do estudo.
 Os resultados mostraram que tanto a pressão arterial sistólica quanto a diastólica foi significativamente reduzida após a intervenção do vinho tinto desalcoolizado, e estas alterações foram correlacionadas com o aumento do óxido nítico no plasma. No grupo do vinho tinto, os homens tiveram uma pequena redução da pressão arterial e um pequeno aumento do óxido nítico, enquanto que não houve nenhuma alteração na pressão arterial e uma pequena redução do óxido nítrico no do gin.
   As alterações na pressão arterial (PA) e do óxido nítrico (NO) com as diferentes bebidas:
Mudanças da PA e NOVinho tinto Vinho tinto não alcoólico Gin
Pressão sistólica (mm Hg)     -2.3       -5.8-0.8
Pressão diastólica (mm Hg)     -1.0       -2.3-0.1
Óxido nítico (µmol/L)     +0.6      +4.1-1.4
   Os investigadores o relataram que, embora a redução da pressão arterial associada com vinho tinto sem álcool seja modesta, a redução desta magnitude tem sido associada com uma diminuição de 14% na doença cardíaca coronária e redução de 20% no risco de acidente vascular cerebral.
Referência: Heartwire

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

EFEITOS DO SEDENTARISMO SOBRE AS PRINCIPAIS DOENÇAS NÃO INFECCIOSAS NO MUNDO

   Este estudo avaliou o efeito do sedentarismo em doenças não transmissíveis: doença arterial coronária, diabetes tipo II, câncer de cólon e de mama, estimando o quanto dessas doenças poderiam ser evitadas se os indivíduos sedentários passassem a ser ativos, além de avaliar o ganho da expectativa de vida com essa medida.
   No mundo, foi estimado que o sedentarismo é responsável por 6% da doença arterial coronária, 7% de diabetes tipo 2, 10% de câncer de mama e 10% de câncer de cólon. Além disso, a inatividade causa 9% de mortalidade prematura.
   A tabela abaixo resume os riscos relativos associados ao sedentarismo, com e sem fatores de confusão ajustados, para os resultados estudados. O estudo demonstra também os dados para Brasil. 

Riscos relativos calculados através das ARF dos desfechos associados aos sedentarismo no Brasil.


   Se o sedentarismo diminuir, 10 ou 25%, mais de 533.000 e mais de 1.300.000 mortes podem ser evitados, respectivamente, a cada ano. A remoção do sedentarismo teria o maior efeito no câncer de cólon e o menor na doença coronária.
   O estudo estimou que a eliminação da inatividade física pode aumentar a expectativa de vida em 0,68 anos (0,41 a 0,95).
  O estudo demonstrou que o sedentarismo pode causar de 6 a 10% das principais doenças não transmissíveis, além de causar 9% das mortes prematuras (5,3 das 57 milhões de mortes em 2008). Esses achados apontam o sedentarismo como um fator de risco semelhante ao tabagismo e a obesidade. Estimou-se que o tabagismo foi responsável por 5 milhões de mortes em 2000, com uma aumento da expectativa de vida aumentada em 1,1 a 2,2 anos com a eliminação do fumo. Com a eliminação obesidade a expectativa de vida aumenta em 0,7 a 1,1 anos. Esses dados só enfatizam a importância de medidas de saúde pública para aumentar a atividade física praticada pela população. Se uma pequena parcela da população for estimulada e iniciar uma vida mais ativa, por exemplo, com 15 a 30 minutos de caminhada por dia, muitos benefícios, inclusive o aumento da sobrevida, poderão ocorrer.
   Critérios de atividades propostos pela Organização Mundial de Saúde,

Crianças entre 5 e 17 anos
Adultos entre 18 e 64 anos
Acima de 65 anos
Crianças e jovens com idades entre 5-17 deve acumular pelo menos 60 minutos de atividade diária com intensidade moderada a vigorosa.

Quantidades de atividade física maior do que 60 minutos podem fornecer benefícios adicionais de saúde.

A maioria da atividade física diária deve ser aeróbica. Atividades com intensidade vigorosa devem ser incorporadas, incluindo aquelas que fortalecem a musculatura e os ossos, pelo menos 3 vezes por semana.
Adultos com idade entre 18-64 anos deve fazer pelo menos 150 minutos de atividade aeróbica intensidade moderada durante a semana ou fazer pelo menos 75 minutos de atividade vigorosa durante a semana ou uma combinação equivalente entre a atividade moderada e vigorosa.

Atividade aeróbica deve ser realizada em sessões de pelo menos 10 minutos de duração.

Para benefícios adicionais de saúde, os adultos devem aumentar a sua atividade moderada para 300 minutos por semana, ou realizar uma atividade intensa com duração de em 150 minutos por semana, uma combinação equivalente entre a atividade moderada e vigorosa.

Atividades de fortalecimento da musculatura deve ser feito envolvendo grupos musculares maiores em 2 ou mais dias por semana.
   Os idosos devem fazer pelo menos 150 minutos de atividade aeróbica intensidade moderada durante a semana ou fazer pelo menos 75 minutos de atividade vigorosa durante a semana ou uma combinação equivalente entre a atividade moderada e vigorosa.
   Atividade aeróbica deve ser realizada em sessões de pelo menos 10 minutos de duração.
   Para benefícios adicionais de saúde, os adultos devem aumentar a sua atividade moderada para 300 minutos por semana, ou realizar uma atividade intensa com duração de em 150 minutos por semana, uma combinação equivalente entre a atividade moderada e vigorosa.
   Idosos com pouca mobilidade, devem realizar atividade física para melhorar o equilíbrio e evitar quedas, em 3 ou mais dias por semana.
   Atividades de fortalecimento da musculatura deve ser feito envolvendo grupos musculares maiores em 2 ou mais dias por semana.
   Quando não for recomendado a realização de atividade física por motivo de saúde, eles devem ser tão fisicamente ativos quanto as suas capacidades e as condições permitirem.

Rederências: Cardiosouce, The Lancet, NCBI

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

CAMPANHA UM MILHÃO DE CORAÇÕES

    A campanha UM MILHÃO DE CORAÇÕES foi criada pelo Departamento de Saúde dos Estados Unidos com objetivo de diminui um milhão de infarto do miocárdio (IM) e Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) em cinco anos, tendo em vista as Doenças Cardiovasculares (DCV) serem as principais causas de mortes nos EUA, sendo os IMs e os AVCs as principais causas de DCVs. Ela visa combater as pricipais etiologias destas patologias.
   Um em cada três adultos Americanos têm hipertensão arterial (HA), e apenas metade deles estão controlados. Esta é a razão fundamental por que as organizações públicas e privadas dos EUA se uniram em setembro de 2011, em um esforço sem precedentes, para ajudar os Americanos a melhorarem a saúde dos seus corações. Juntos, criaram os milhões de corações ™ iniciativa que visa impedir um milhão de infartos do miocárdio e AVCs até 2017, por meio de intervenções clínicas e comunitárias.
   Em seu primeiro ano, teveram milhares de apoios. Profissionais médicos, agências de saúde pública, sistemas de saúde e empresas privadas, assumiram o compromisso específico para alcançar o objetivo. Os organizadores estão satisfeitos por estarem trabalhando juntos para reduzir a hipertensão arterial, a principal causa de infarto do miocárdio e AVC. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) publicou o mais recente relatório relatando que a maioria das pessoas com hipertensão que estão sendo tratadas não estão controladas. Estas são oportunidades perdidas que fazem diferenças na vida do paciente e para a saúde do país.
    Trabalho em equipe foi a forma de resolver este problema. Em maio, os serviços de prevenção dos EUA,  recomendaram uma força tarefa de cuidados a domicílio para controle da pressão arterial. A força tarefa descobriu que o controle da pressão arterial melhorou quando atendimentos foi feita por uma equipe de profissionais de saúde, um médico apoiado por um farmacêutico, enfermeiro, nutricionista, assistente social, ou  profissionais da comunidade de saúde, em vez de um médico sozinho. Ao adotar essa abordagem, alguns dos parceiros, incluindo os dos Médicos privados, Clínicas comunitárias, e grandes sistemas de cuidados de saúde, têm sido capazes de ajudar mais de 80% de seus pacientes a controlarem as suas pressões. A meta é ajudar mais de 10 milhões de americanos hipertensos controlarem suas pressões até 2017.
   Como pode-se controlar melhor a pressão arterial? Fazer o controle uma prioridade. Medir e avaliar os dados através de indicadores Médicos de qualidade. Reconhecer e premiar as práticas ou sistemas que estão liderando as metas. Identificar os pacientes que não estão sendo tratados ou ainda não estão sob controle. Estimular os pacientes a auto-monitorização, e certificar se eles estão sabendo fazer. Fazer uma leitura elevada como um sinal para adquirir e avaliar o padrão de pressão arterial durante o mês seguinte. Facilitar a adesão dos pacientes, prescrevendo regimes de medicamentos uma vez por dia, terapia combinadas, e retornos com 90 dias quando for o caso. Perguntar aos pacientes sobre as dificuldades que tem em tomarem os medicamentos, e incentivá-los a usar caixas de comprimidos específicas, uma ferramenta simples e comprovada para melhorar a aderência.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

META-ANÁLISE MOSTRA QUE CHOCOLATE BAIXA A PRESSÃO ARTERIAL

   Alimento rico em flavanol, o chocolate ou cacau consumido diariamente pode resultar em uma pequena diminuição na pressão arterial. É o que sugere uma revisão de 20 estudos de curto prazo feita pelo Dr. Karin Ried e colegas da Universidade de Melbourne, Austrália.
   A pesquisa, foi publicada no dia 14 de agosto de 2012 no Banco de Dados Cochrane de Revisões sistemáticas, atualização de meta-análise de cinco estudos e quinze ensaios. Na atual revisão, cerca de 900 indivíduos saudáveis, que consumiram cerca de 100 g de chocolate ou cacau diariamente apresentaram uma redução em média de 2,77 mmHg na pressão arterial sistólica e 2,20 mmHg na pressão diastólica, em comparação com indivíduos controle.
   O efeito da ingestão de "produtos ricos em flavonóides de cacau foi comparável as modificações de estilo de vida, como dieta e exercício ( redução de 3 a 5 mmHg ) e pode servir como uma opção de tratamento complementar.
   Isso é importante, uma vez que estudos epidemiológicos têm ligado a reduções ainda pequenas na pressão arterial, com efeitos benéficos sobre a saúde cardiovascular. No entanto, estudos mais longos são necessários para melhor elucidar os benefícios do chocolate, determinar as dosagens ideais, e examinar os resultados, tais como as doenças cardiovascular e acidente vascular cerebral.
Referência: The heart.org

domingo, 19 de agosto de 2012

RESUMO DOS TRABALHOS APRESENTADOS NO XX CONGRESSO BRASILEIRO DE HIPERTENSÃO

Resumo dos estudos apresentados no XX Congresso Brasileiro de Hipertensão 2012, encerrado no dias 07 de agosto de 2012, no centro de convenções Rebouças em São Paulo.
Referência: Revista Hipertensão

sábado, 11 de agosto de 2012

SUPLEMENTOS DIETÉTICOS E HIPERTENSÃO: POTENCIAIS BENEFÍCIOS E PRECAUÇÕES.

   Os suplementos dietéticos são bastante usados ​pela população em geral e muitos são usados para o  tratamento natural e controle da hipertensão. Os doentes com hipertensão muitas vezes optam por utilizar estes produtos, seja adicionalmente ou em substituição de farmacológico anti-hipertensivo.  Devido ao uso freqüente de suplementos, tanto os consumidores como os profissionais de saúde devem estar cientes dos problemas ​​em torno desses produtos e fatores que influenciam a sua eficácia e segurança. No momento quatro produtos apresentam evidências de possíveis benefícios, que são: coenzima Q10, óleo de peixe, alho e vitamina C e outros quatros foram consistentemente associados com aumento da pressão arterial: ephedra, ginseng siberiano, laranja amarga e alcaçuz.
   Os profissionais de saúde devem  ter conhecimento e serem capazes de discutir este assunto com os paceintes. Os pacientes devem ser lembrados que os suplementos nem sempre são seguros e que na maioria dos casos, eles não devem ser consumidos sem a supervisão de um profissional de saúde. Ao discutir abertamente este tema, os profissionais de saúde podem ajudar a melhorar a compreensão dos pacientes em relação ao uso adequado destes produtos e a comparação com tratamento farmacológico e as questões que envolvem a segurança e eficácia. 
   Enquanto pode haver um papel dos suplementos em particular no tratamento da hipertensão, há a necessidade de estudos bem desenhados para melhor definir a eficácia, segurança e implicações clínicas em comparação com os atuais tratamentos farmacológicos. 
Referência: The Journal of Clinical Hypertension Vol. 14 | N º 7 | Julho Jornal Oficial 2012 da Sociedade Americana de Hypertension

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

DEZ MUDANÇAS NO ESTILO DE VIDA QUE AJUDAM A CONTROLAR A PRESSÃO ARTERIAL

  Nem sempre é necessário a prescrição de medicamentos para baixar a pressão arterial. As mudanças no estilo de vida, pode baixar a pressão arterial e reduzir o risco de doenças cardíacas.
1. Perder quilos extras e reduzir a cintura abdominal.
   A pressão arterial muitas vezes aumenta à medida que o peso aumenta. Perder 10% de peso pode ajudar a reduzir pressão arterial. Em geral, quanto mais peso perder, menor será a pressão arterial. Emagrecer também faz com que a medicação para hipertensão se torne mais eficaz. Também deve ser observado a cintura. O acúmulo de gordura visceral coloca o paciente em maior risco de hipertensão arterial e aumenta o risco de eventos cardiovasculares.
2. Exercício físico regular.
   A atividade física regular, pelo de 30 a 60 minutos na maioria dos dias da semana, não menos do que 3 vezes, pode diminuir a pressão arterial de 4 a 9mmHg. Nos pré-hipertensos (pressão sistólica entre 120 e 139 ou pressão diastólica entre 80 e 89), o exercício pode ajudar a evitar o desenvolvimento de hipertensão. Nos já hipertensos, a atividade física regular pode trazer a pressão arterial para níveis mais seguros.
3. Dieta saudável.
   Uma dieta rica em grãos integrais, frutas, legumes e produtos lácteos magros e pobre em gordura saturada e colesterol pode reduzir a pressão arterial por até 14 mmHg. Este plano alimentar é da dieta DASH. Considere aumentar a ingesta de potássio. O potássio pode diminuir os efeitos do sódio na pressão arterial. A melhor fonte de potássio é de alimentos, como frutas e legumes, em vez de suplementos.
4. Reduzir o sódio na sua dieta.
    Mesmo uma pequena redução no sódio em sua dieta pode reduzir a pressão arterial por 2 a 8 mmHg. As recomendações para a redução de sódio são: Limitar o sódio a 2.300 mg (5 a 6g de sal) por dia, ou menos. Um baixo nível de sódio, 1.500 mg (3g de sal) por dia ou menos, é adequado para pessoas acima de 51 anos, e nos indivíduos de qualquer idade que são Africano-Americana, ou tenham hipertensão, diabetes ou doença renal crônica.
5. Limitar a quantidade de álcool.
   Em pequenas quantidades, ele pode potencialmente reduzir sua pressão arterial de 2 a 4 mmHg. Mas esse efeito protetor é perdido se você bebe álcool em excesso, geralmente mais de um drinque por dia para mulheres e mais de dois por dia para homens. Além disso, se você normalmente não beber álcool, você não deve começar a beber como uma maneira de baixar a pressão arterial.
6. Evitar produtos do tabaco e fumo passivo.
   No topo de todos os perigos de fumar, a nicotina pode aumentar a pressão arterial em 10 mmHg ou mais por até uma hora depois de fumar. Fumar durante o dia significa que a sua pressão arterial pode permanecer constantemente elevado.
7. Evitar excesso de cafeína.
  Os efeitos da cafeína na pressão arterial ainda são discutíveis. A cafeína pode causar temporariamente um aumento na pressão arterial, mas não está claro se o efeito é temporário ou de longa duração.
   Para ver se a cafeína aumenta a pressão arterial, deve-se verificar a pressão 30 minutos após beber uma xícara de café ou outra bebida com cafeína. Se a sua pressão arterial aumenta de 5 a 10mmHg, o paciente pode ser sensível a cafeína.
  Independentemente da sensibilidade aos efeitos da cafeína, recomenda-s beber não mais de 200mg por dia - sobre o montante em duas xícaras de café.
8. Reduzir o estresse.
   Estresse e/ou ansiedade podem aumentar temporariamente a pressão arterial. Fazer pausas para exercícios de respiração profunda, submeter-se a massagem, fazer yoga ou meditação, ajudam a controlar a pressão arterial. Se auto-ajuda não funciona, procure um profissional para aconselhamento.
9. Monitorar  a pressão arterial.
   Aprender a auto-controlar a pressão arterial com um monitor do braço pode ajudar a motivar.
Visitas regulares ao médico trás benefícios. Se a pressão arterial não está bem controlada,  poderá precisar consultar o médico mensalmente para rever o tratamento e fazer ajustes. Se a pressão arterial está sob controle, consultar o médico a cada 6 a 12 meses.
10. Obter o apoio da família e de amigos.
  Apoio da família e dos amigos podem ajudar a melhorar a saúde. Eles podem incentivar a participar de programa de exercícios, tecnicas de relaxamento a mudar o estilo de vida. Considerar a participação em grupos de apoio. Isso pode colocar em contato com pessoas que podem dar um impulso emocional ou moral e oferecer dicas práticas para lidar com esta condição.
Referência: Mayo Clinic

sexta-feira, 27 de julho de 2012

MEDICAMENTOS, SUPLEMENTOS E DROGAS QUE PODEM AUMENTAR A PRESSÃO ARTERIAL

   Alguns medicamentos, suplementos e drogas ilícitas e lícitas podem aumentar a pressão arterial (PA) em pessoas normotensas, ou piorar os hipertensos, através de mecanismos direros ou indiretamente interagindo com os anti-hipertensivos, diminuindo os seus efeitos. Na maioria a PA pode melhorar após a retirada do fator causador, mais algumas podem ter danos irreversível, principalmente nos rins e ser necessário o uso permanente de anti-hipertensivos. As causas da hipertensão arterial secundária, que corresponde a 5% da população hipertensa, são numerosas, e entre elas temos a hipertensão arterial causada por drogas.
   Paracetamol:
O uso de paracetamol diariamente pode desenvolver hipertensão. No entanto, não há nenhuma evidência de que, o uso ocasionalmente deste medicamento, aumente a pressão arterial (PA) a longo prazo.  Os analgésicos afetam a PA por diferentes formas, alternância entre eles pode ser a solução.
   Antidepressivos:
Antidepressivos funcionam alterando a resposta do organismo as substâncias químicas no cérebro, incluindo serotonina, noradrenalina e dopamina, que afetam o humor. Estes medicamentos podem aumentar a pressão arterial. Exemplos de antidepressivos que podem elevar a pressão arterial incluem: Venlafaxina, bupropiona desipramina, fenelzina e imipramina.
  Anticoncepcionais:
Os anticoncepcionais e outros dispositivos hormonais para controle da natalidade podem aumentar a PA através da constricção dos pequenos vasos e estimulação do SRAA. Praticamente todos os anticoncepcionais, adesivos e anéis vaginais podem aumentar a PA. Nos que já são hipertensos, deve-se considerar o uso de uma forma diferente de controle de natalidade. A pressão arterial pode ser menos susceptível ao anticoncepcional ou dispositivo que contém uma dose mais baixa de estrogênio.
  Cafeína:
A cafeína pode aumentar temporariamente a PA ao estimular a produção de cortisol e adrenalina. Exemplos de produtos que contêm cafeína e incluem: Pílulas de cafeína, cafeína do café, energéticos etc.
Não há evidências suficientes para provar que a cafeína aumenta a pressão arterial a longo prazo, alguns médicos sugirem limitar a quantidade diária de cafeína a não mais do que 200 miligramas (355 ml de café).
  Descongestionantes nasais:
Os descongestionantes  aumentam a pressão arterial por vasoconstricção (estimulação simpática).  Exemplos de descongestionantes incluem: Pseudoefedrina, fenilefrina, oximetazolina.
  Suplementos de ervas:
A maneira como cada os suplementos de ervas aumenta a pressão arterial varia.  Exemplos de suplementos de ervas que podem afetar a pressão ou medicamentos para pressão arterial incluem:  Laranja amarga, ephedra, ginseng, guaraná, alcaçuz e erva de São João.
  Imunossupressores:
Alguns imunossupressores podem elevar a pressão arterial, através da retenção de sódio e água ao nível renal, estimulação simpática, aumento da liberação da endotelina. Os principais são: Ciclosporina, metilprednisolona, tacrolimus.
  Corticóides:
Os corticosteróides elevam a PA através da retenção de sódio, e aumento da reatividade vascular à angiotensina II e norepinefrina. Exemplos: Prednisona, dexametasona, hidrocortisona e metilpredsolona.
  Antiinflamatórios não-esteróides (AINEs):
Os AINEs podem aumentar a PA principalmente através da retenção de sódio e água ao nível renal e bloqueio da síntese das prostaglandinas. Exemplos de NSAIDs incluem: Ibuprofeno, meloxicam, naproxeno sódico
  Estimulantes:
Estimulantes, como o metilfenidato (Ritalina), podem causar aumento da frequência cardíaca, arritmias e aumento da pressão arterial.
  Drogas ilegais:
As drogas ilegais pode elevar a pressão arterial causando vasoconstricção, aumento da FC, além de danos ao músculo cardíaco. Exemplos de drogas ilícitas que podem afetar o seu coração incluem: As anfetaminas, esteróides anabolizantes, cocaína, ectasy, maconha e fenciclidina (PCP).
   Outras: Eritropoetina, carbenoxolona, licor, bebidas alcoólicas, hormônios tireoidianos, etc
Referências: Mayo Clinic, ABC-SBC

quinta-feira, 19 de julho de 2012

TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL NO PORTADOR DE DPOC

   A hipertensão arterial é uma das mais prevalentes doenças não transmissíveis no mundo, afetando 30-40% da população adulta. É freqüentemente associada com outras doenças, como: diabetes, doenças renais crônicas, asma brônquica, e doença pulmonar obstrutiva crónica - DPOC, que podem influenciar na escolha da terapia anti-hipertensiva. Segundo os dados da OMS, 250 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de DPOC, representando 5% da mortalidade total. A incidência da DPOC aumenta em todo o mundo. É a única causa de morte com o aumento de incidência, e estima-se que a mesma irá tornar-se a terceira mais prevalente, após o infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral, até 2030.  A DPOC ocorre predominantemente em fumantes. As comorbidades mais comuns associadas a DPOC são hipertensão (28%), diabetes mellitus (14%), e doença cardíaca isquêmica (10%). Segundo os dados internacionais, a prevalência da DPOC entre os pacientes com hipertensão é semelhante ao da população em geral, assim, a coincidência das duas doenças é em torno de 2,5% da população adulta. A DPOC é considerada um risco independente para doenças cardiovasculares. Entre os pacientes com DPOC, a prevalência de insuficiência cardíaca é de 4 vezes, doença coronariana é 2 vezes, angina pectoris e infarto do miocárdio é 2,5 vezes, doença arterial periférica e arritmias 2,4 vezes, AVC é 1,5 vezes, maior do que na população geral. Além disso, existe uma ligação patogenética entre DPOC e hipertensão, a hipoxia pode aumentar a produção de radicais livres e disfunção endotelial, levando a hipertensão e suas complicações cardiovasculares. 
   Orientações para o diagnóstico e tratamento dessas doenças não são discutidas em conjunto, nas diretrizes internacionais. O tratamento da DPOC inclui terapias inalatória com agentes anticolinérgicos, beta-2 agonistas e corticosteróides, programas de reabilitação pulmonar e o uso de suplementação de oxigênio. Estas drogas podem afetar o sistema cardiovascular, coração e a pressão arterial, aumentando a incidência de eventos cardiovasculares tais como: Angina pectoris, infarto do miocárdio. Os objetivos da terapia anti-hipertensiva são normalizar a pressão arterial, prevenir a morbidade cardiovascular, diminui a mortalidade, prolonga a vida e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Os tratamentos incluem modificação do estilo de vida , cessação do tabagismo, redução da ingestão de sal, exercício físico e medicamentos. Muitos dos medicamentos anti-hipertensivos podem afetar a função das vias aéreas, tornando-o complexo. A terapia farmacológica da hipertensão envolve, na maioria dos pacientes, a combinação de fármacos. Para a seleção de drogas adequadas, além da DPOC, vários outros fatores também devem ser considerados, como: Dislipidemia, hiperuricemia, diabetes mellitus, doença renal crônica, os efeitos das drogas usadas para a DPOC no sistema cardiovascular e suas interações, bem como os efeitos dos anti-hipertensivos sobre as vias aéreas. Não há nenhuma evidência conclusiva em relação a ensaios clínicos randomizados que mostrem que as drogas anti-hipertensivas reduzem mortalidade ou morbidade em pacientes hipertensos portadores de DPOC. Isto é devido ao fato de que os ensaios são muitos pequenos, e não seguirem os pacientes por um período de tempo suficientemente longo, e muitas vezes não relatarem todos resultados importantes. Tiveram, no entanto, meta-análises mostrando que betabloqueadores cardio-seletivos reduzem a morbidade e mortalidade cardiovascular nestes pacientes. Além disso, as evidências são insuficiente para determinar qual droga é mais eficaz. Portanto, é importante saber que esta é uma das situações clínicas onde o tratamento não é sempre apoiado em estudos randomizados, mas em estudos de caso-controle ou opiniões de especialistas.  
   As conclusões são que em hipertensos com DPOC, é essencial incluir medidas não farmacológicas (exercício moderado por exemplo, física, regras alimentares, restrição de sal) e terapêutica medicamentosa. É absolutamente crucial parar de fumar. Para o tratamento farmacológico da hipertensão, não existe uma regra estrita, porque os pacientes  podem responder de forma diferente as diferentes drogas e combinações de fármacos. BCC, os bloqueadores do SRAA, de preferência BRA, ou BCC mais BRA, são recomendadas como as drogas iniciais. Se a resposta for pobre, diuréticos tiazídicos, betabloqueadores altamente cardiosseletivo, especialmente aqueles com propriedades auxiliares como nebivolol e celiprolol, ou antagonistas da aldosterona podem ser considerados. 
Referência: ESH

quinta-feira, 12 de julho de 2012

ESTUDO MOSTRA QUE A RESPOSTA PRESSÓRICA EXACERBADA AO EXERCÍCIO ESTÁ ASSOCIADA A DISFUNÇÃO VASCULAR.

   Estudo utilizando participantes da segunda geração da coorte de Framingham demonstrou que a resposta pressórica exacerbada ao exercício físico está associada a rigidez da parede arterial, função vascular alterada, além de vários fatores de risco cardiovasculares, como a idade, tabagismo, obesidade e dislipidemia. Estes dados sugerem que a função vascular e a resposta pressórica alteradas contribuem para sobrecarga cardiovascular e para o aumento do risco de doenças cardiovasculares. 
   Em pacientes sem doença cardíaca estabelecida, a resposta pressórica exacerbada associada ao exercício é associada à incidência de hipertensão (HAS), AVC, infarto agudo do miocárdio e morte cardiovascular. Ao contrário da pressão de pico no exercício, que é altamente relacionada ao grau de atividade física, a resposta pressórica exacerbada durante o exercício submáximo tem relação com a pressão arterial (PA) média diária e à lesão de órgão-alvo, particularmente hipertrofia ventricular esquerda (HVE). Neste sentido, a correlação dos aspectos clínicos e vasculares relacionados à PA no exercício pode dar inidícios de mecanismos para o desenvolvimento da hipertensão, da hipertrofia ventricular e da doença cardiovascular. No entanto, ainda são obscuros os determinantes da resposta pressórica ao exercício em pacientes ambulatoriais.
   Neste estudo com mais de 2100 indivíduos saudáveis, foi evidenciada uma associação da resposta pressórica exacerbada ao exercício submáximo com fatores de risco tradicionais para doença cardiovascular e, principalmente, com grau de regidez da parede arterial e de disfunção endotelial. Esta associação tem uma relevância grande para o entendimento dos mecanismos associados ao desenvolvimento da doença cardiovascular, pois o exercício submáximo observado no teste ergométrico consegue reproduzir o comportamento cotidiano de um paciente com a PA de repouso dentro da normalidade. Provavelmente, esta resposta pressórica exacerbada ocorre diversas vezes durante todos os dias que pode ser explicada tanto pela maior rigidez arterial quanto pela menor capacidade de vasodilatação. O desenvolvimento da HVE e a maior incidência de eventos cardiovasculares nestes pacientes seriam a evolução natural da doença, seguindo este raciocínio.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

ESTUDO ACCORD: AVALIAÇÃO DO TRATAMENTO INTENSIVO DA PRESSÃO ARTERIAL NOS PACIENTES COM OBESIDADE CENTRAL.

   A obesidade está aumentando em todo o mundo e junto com ela vários fatores de riscos cardiovasculares, sendo a hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) um dos mais importantes. A maioria dos estudos radomizados sobre HAS tem mostrado um IMC médio de 29 a 30. Isto sugere que a maior parte dos hipertensos adultos têm sobrepeso ou obesidade e a maioria dos obesos adultos são hipertensos.
  Para examinar a relação entre obesidade central e hipertensão, e se os pacientes obesos podem se beneficiar de redução agressiva da pressão arterial (PA), foi feito uma subanálises do estudo ACCORD. O estudo ACCORD, que terminou há vários anos, incluiu cerca de 10.000 pacientes que foram aleatoriamente designados para comparar o controle intensivo com não intensivo da glicemia e outro braço o controle intensivo com não intensivo da PA. Este braço que analisou o controle da  PA, randomizou 4.700 pacientes, a metade com tratamento que tinha como meta uma pressão arterial sistólica de 120 mm Hg e a outra metade alcançar PA sistólica entre 130-135 mmHg. O resultado geral do estudo PA não demonstrou nenhuma diferença entre os grupos padrão e intensivo, em relação aos desfechos primários - infarto não fatal e acidente vascular cerebral não fatal, e morte CV. Houve uma diferença significativa, com redução de AVC no tratamento intensivo em relação com a terapia padrão. A conclusão do estudo foi que o tratamento intensivo da PA foi eficaz na prevenção do AVC, sendo necessário tratar 89 pacientes durante 05 anos para evitar um AVC. 
   Em relação aos paciente com obesidade central os desfechos primários, infarto do miocárdio não fatal e AVC não fatal e morte CV, o P [valor] não alcançou significância estatística. Em outras palavras, o benefício alcançado a partir de tratamento intensivo versos não intensivo não foi diferente entre os quartis de obesidade. Da mesma forma para acidente vascular cerebral, o benefício do tratamento intensivo verso não intensive não diferiu entre os quartis de obesidade central, que foram medidos através de cintura-altura. Quando se utilizou apenas a cintura como uma medida da obesidade central, os resultados foram os mesmos. Quando os resultados foram ajustadas para o grau de obesidade central, mais uma vez as conclusões gerais do estudo permaneceram as mesmas. 
   De acordo com o estudo ACCORD o tratamento intensivo da PA, previne acidente vascular cerebral, mas não os outros eventos. Quantos aos com obesidade central não houve diferença, inclusive em relação ao grau de obesidade. Os pesquisadores analisaram tambem a associação entre obesidade central e qualquer um dos resultados do ACCORD, não houve forte associação entre o resultado primário, infarto do miocárdio não fatal e acidente vascular cerebral com o grau de obesidade central, mas a mortalidade por DCV foi associado à obesidade central. Portanto quanto mais obeso for o paciente, maior é o risco de morte cardiovascular.
Apresentado: Na Associação Americana de Diabetes 72nd Sessões Científicas, Junho 8-12, 2012; Filadélfia.
Referência: Cardiologytoday (click)

sexta-feira, 22 de junho de 2012

ALERTA DO FDA: ASSOCIAÇÃO DE IECA OU BRA COM ALISKIRENO.

   Os medicamentos que atuam bloqueando o sistema renina angiotensina aldosterona (SRAA), inibidores da enzima conversora da angiotensina II (IECA), bloqueadores dos receptores AT1 da angiotensina II (BRA) e inibidores da atividade a renina plasmática (ALISKIRENO), foram grandes avanços no tratamento medicamentoso em cardiologia, em especial os IECAs que continuam como drogas de primeira escolha no tratamento da hipertensão arterial sistêmica (HAS) e insuficiência cardíaca com fração de ejeção deprimida.    
   Como o sucesso do bloqueio do SRAA com IECA ou BRA, achou-se que quanto maior o bloqueio melhor, e que a associação destes medicamentos trouxesse mais benefícios aos pacientes, assim como os BRAs iriam substituir os IECAs, mais não foi o que aconteceu, os BRAs no máximo se agualham aos IECAs, a associação de IECA com BRA só tem mostrado benefícios na redução de proteinúria e mesmo assim não se sabe se esta redução da proteinúrias se traduz em diminuição de desfechos, e em outras ocasiões além de não diminuir tem aumentado eventos. Já na associação com aliskireno os resultados não tem sido animadores, recentemente foi publicado o estudo ALTITUDE que o associou a um BRA em pacientes nefropatas diabéticos mostrando aumento de AVC,  piora da função renal, hipercalemia, hipotensão e discreto aumento de mortalidade cardiovascular, o que motivou recomendações da agência de vigilância da Europa (EMA) e do FDA, para que a associação seja evitada, tanto com os IECAs como com os BRAs, principalmente nos pacientes diabéticos e /ou nefropatas.
Publicações: Cardiosource, Novartis.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

ESTUDO MOSTRA CONSUMO DE CAFÉ INVERSAMENTE PROPORCIONAL A MORTALIDADE.

   Um estudo, publicado recentemente no NEJM, que utilizou os dados do National Institutes Health (NIH) - AARP Diet and Health Study, realizado entre 1995 e 1996, no qual 617.119 participantes com idade entre 50 e 71 anos responderam a um questionário sobre dieta e estilo de vida. Destes, 566.401 responderam o questionário de forma satisfatória. Foram excluídos indivíduos com antecedente de doença neoplásica, doença cardíaca, acidente vascular cerebral e aqueles que não responderam às informações sobre consumo de café e tabagismo, ou que apresentavam uma dieta com consumo calórico muito baixo ou muito elevado. Isso resultou na inclusão de 229.119 homens e 173.141 mulheres.   
   O consumo de café foi avaliado em categorias, variando de 0 a 6 xícaras por dia. Além disso, os consumidores de café forneceram informações sobre o tipo de café consumido: com ou sem cafeína. O seguimento dos pacientes foi realizado entre 1996 e 2008. As causas de óbito foram distribuídas conforme a Classificação Internacional de Doenças (CID). As características de base dos participantes foram ajustadas para modelos multivariados e foram excluídos fatores de confusão.  Os consumidores de café fumavam mais, consumiam mais de 3 doses de álcool e mais carne vermelha. Além disso, tinham menor nível socioeconômico, praticavam menos atividade física, consumiam menos frutas, vegetais e carne branca. 
  Os não consumidores de café apresentavam maior incidência de diabetes, especialmente as mulheres. Aproximadamente 2 terços dos consumidores de café faziam uso de café com cafeína. 
   Durante 14 anos de seguimento, 33.731 homens e 18.784 mulheres foram a óbito. Em uma análise ajustada para idade, o consumo de café foi inversamente proporcional à mortalidade. Veja abaixo o risco relativo ajustado de mortalidade dos indivíduos que consumiam café, em comparação aos que não consumiam, de acordo com a quantidade ingerida e o sexo:

Café consumido Risco Relativo IC 95%
Homens Mulheres Homens Mulheres
Menos que 1 xícara 0,99 1,01 0,95 – 1,04 0,96 -1,07
1 xícara 0,94 0,95 0,90 – 0,99 0,90- 1,01
2 – 3 xícaras 0,90 0,87 0,86 – 0,93 0,83 – 0,92
4 - 5 xícaras 0,88 0,84 0,84 – 0,93 0,79 – 0,90
6 ou mais xícaras 0,85 0,85 0,78 – 0,93 0,78 – 0,93
      P tendência (p trend) <0,001 para ambos os sexos
     As causas específicas de óbito também foram avaliadas. Após ajuste multivariado, o consumo de café foi inversamente associado, tanto em homens e mulheres, à mortalidade por doença cardíaca, doença respiratória, acidente vascular cerebral, diabetes e infecções. Entretanto, existiu uma associação discretamente positiva entre o consumo de café e a mortalidade por câncer em homens. Em mulheres não houve associação entre a ingestão de café e a mortalidade por neoplasias.
   O café é a bebida mais consumida no mundo. Ele contém cafeína, um estimulante, por isso geralmente não é considerado como parte de um bom estilo de vida. Entretanto, o café é rico em antioxidantes e outros compostos bioativos que já foram associados inversamente a biomarcadores inflamatórios e resistência a insulina. Seu real papel para a saúde, todavia, é incerto.
   O estudo publicado no New England Journal of Medicine observou uma associação inversa, dose dependente, entre o consumo de café e a mortalidade por qualquer causa, mesmo após ajuste para possíveis fatores de confusão (principalmente tabagismo). Homens que consumiam 6 ou mais xícaras de café por dia apresentaram um risco relativo de mortalidade 10% menor em comparação a homens que não consumiam café. Nas mulheres, essa redução foi de 15%. Essas associações persistiram independentemente do índice de tabagismo e do IMC dos participantes.

sábado, 9 de junho de 2012

PAPEL DO ÁCIDO ÚRICO NA PATOGÊNESE DA HIPERTENSÃO ARTERIAL EM JOVENS

   Desde a década de 1870 suspeita-se que o ácido úrico seja um fator de risco para hipertensão. Diversos estudos epidemiológicos demonstram uma associação entre o ácido úrico e hipertensão em diversas populações. Estudos em pacientes idosos tiveram maior variabilidade dos resultados, aumentando a possibilidade de que o ácido úrico pode ser mais significativo para a hipertensão em jovens. Os modelos animais mostram duas fases para o desenvolvimento de hipertensão nos pacientes hiperuricêmico. Inicialmente, o ácido úrico induz vasoconstrição pela ativação do sistema renina-angiotensina e redução na circulação de óxido nítrico, que pode ser revertida através da redução de ácido úrico. A outra é que ao longo do tempo, a absorção de ácido úrico pelas células musculares lisas vasculares, faz com que a proliferação celular e a arterioloesclerose secundária prejudique a pressão de natriurese, tornando a pressão mais sódio sensível. É consistente com os dados dos modelos em animais. Pequenos ensaios clínicos realizados em adolescentes com diagnóstico recente de hipertensão essencial demonstram que pelo menos em certos pacientes jovens, a redução de ácido úrico sérico pode atenuar a elevação da pressão sanguínea. Embora mais pesquisas sejam claramente necessárias, os dados disponíveis sugerem que o ácido úrico é provável causador em alguns casos de início precoce de hipertensão.
   A hipertensão, na presença de hiperuricemia não deve ser tratada com redutores do ácido úrico atualmente disponíveis, devido ao perfil de segurança. Como existem muitas classes de medicamentos anti-hipertensivos com melhores perfis, para tratar a hipertensão, é preferível.  Estudos definitivos, em larga escala, particularmente randomizados, duplo-cego, controlados com placebo, com drogas redutoras do ácido úrico que não o alopurinol, inibidores da xantina oxidase ou uricosuricos, são necessários para provar ou refutar, a utilidade e segurança da redução da hipertensão através do controle do  ácido úrico.

domingo, 3 de junho de 2012

HIPERTENSÃO E DOENÇA CORONÁRIA: ESTADO ATUAL

   A doença arterial coronariana (DAC) constitui a principal causa de morte e é uma grande causa de morbidade e redução da qualidade de vida em todo o mundo; hipertensos apresentam 2 a 3 vezes maior prevalência de DAC do que os não hipertensos, e 60% dos portadores de DAC têm hipertensão, sugerindo uma estreita associação entre doença hipertensiva e da doença arterial coronária. 
   Há a necessidade clínica de identificar DAC assintomática. Muitos pacientes, mesmo aqueles com uma  forma avançado da doença, não apresentam sintomas antes de experimentar um grande evento como morte súbita cardíaca, angina instável, infarto do miocárdio ou insuficiência cardíaca congestiva. Em pacientes hipertensos, a isquemia do miocárdio é causado por alterações anatômica e fisiopatológica diferentes da DAC clássica. Além da obstrução aterosclerótica das grandes artérias epicárdicas, há a redução da capacidade vasodilatadora da microcirculação, causada principalmente pela hipertrofia arteriolar e disfunção endotelial. A reserva do fluxo coronário é reduzido devido a vários mecanismos fisiopatológicos, tais como aumento da carga hemodinâmica e massa do ventrículo esquerdo (VE), angiogênese insuficiente, compressão extravascular com redução na área transversal máxima da microcirculação, juntamente com a inflamação subclínica, disfunção endotelial, e ativação do sistema nervoso simpático e sistema renina-angiotensina. Do ponto de vista clínico, a reserva de fluxo coronário reduzida pode levar, pelo menos durante o período de estresse miocárdico, a diminuição da perfusão coronariana subendocárdica, disfunções diastólica e sistólica. Além disso, alterações do sistema fibrinolítico e viscosidade hemática contribui para um estado pró-trombótico e eventos clínicos da DAC. Todos estes mecanismos conduzem a um desequilíbrio da oxigenação do miocárdio, contribuindo para a expressão clínica dos eventos isquêmicos ou isquemia silenciosa.  No entanto, os dados sobre o significado prognóstico da isquemia silenciosa ainda é escasso e contraditório. 
   Na avaliação do risco de DAC em hipertenso, deve-se levar em consideração a combinação dos escores de risco e danos em órgãos-alvo mostrando o risco cardiovascular global. De acordo com as diretrizes da ESH, hipertensos de alto risco são definidos como aqueles com pressão arterial sistólica  ≥ 180 mmHg e / ou pressão arterial diastólica  ≥ 110 mmHg, diabetes, ou mais de três fatores de risco cardiovascular, história de doença cardiovascular ou renal anterior, presença de dano em órgão alvo (como microalbuminúria ou proteinúria, uma taxa de filtração glomerular estimada por o Cockroft-Gault ou MDRD fórmulas de menos de 60 ml/min/1.73 m2, hipertrofia concêntrica do ventrículo esquerdo,  espessamento da parede da carótida com  íntima media maior do que 0,9 mm, a onda de pulso carotídeo-femoral com velocidade acima de 12 m/seg e ìndice tornozelo braquial (ITB) de menos do que 0,9. Tais pacientes devem ser submetidos a testes para diagnósticar a presença de DAC, mesmo se estiverem assintomáticos. Nos demais hipertensos, o utilização de escores de risco estabelecidos com base no estudo de Framingham, o projeto SCORE e o HeartScore constituem os meios para a classificação em baixo risco, médio, alta e muito alta. Assim, se um indivíduo hipertenso assintomático é considerado de baixo risco, após cuidadosa avaliação, nenhuma investigação adicional para DAC é necessária. Se, no entanto, ele for estratificado como média ou alta / muito alta risco, um teste funcional é recomendado.
   Os testes de avaliação de risco DAC em hipertensos assintomáticos são: Avaliação de danos em órgãos-alvo. De acordo com as últimas diretrizes ESH, um eletrocardiograma de repouso é razoável para a avaliação do risco cardiovascular  indivíduos assintomáticos com hipertensão. Os dados epidemiológicos mostram que alterações em um ECG de 12 derivações é preditor de eventos em adultos assintomáticos, tais como: Hipertrofia ventricular esquerda (HVE), prolongamento do complexo QRS, depressão do segmento ST, inversão da onda T, e Q são indicativos da probabilidade aumentada de eventos cardiovasculares adversos, assim como a presença de arritmias. O ecocardiograma é essencial na DAC para a detecção de HVE.  Aqueles com uma remodelação concêntrica ou HVE apresentam mais de duas vezes eventos cardiovasculares. Além disso, a fração de ejeção, fração de encurtamento do VE, bem como função diastólica do VE,  previram eventos adversos. Defeitos segmentares de contração da parede do VE pode ser devido a infarte silencioso antigo ou isquemia e deve ser investigado. A avaliação da espessura das carótidas tambem prevê a incidência de eventos cardíacos. Mais especificamente, o estudo ARIC descobriu que para cada incremento de 0,19 mm na espessura da intima-media, o risco de morte de infarto do miocárdio foi aumentada em 36% . Notavelmente, a ligação entre a espessura da camada íntima-média e eventos é linear e contínua, e à utilização do valor de ponto de corte de > 0,9 mm é uma estimativa conservadora. 
   O ITB fornece informação prognóstica sobre a DAC, especialmente em pacientes de risco intermediário. Um valor de <0,9 significa a presença de doença arterial periférica, com estenose > 50% e é um preditor de eventos cardíacos adversos. 
   Rigidez arterial através velocidade da onda de pulso carótida- femoral  é um preditor independente de eventos coronários em hipertensos. Embora a relação de rigidez para eventos seja contínua, o ponto de corte  > 12 m/seg é o comumente usado. 
   A disfunção renal avaliada pela taxa de filtração glomerular (EGFR), usando a fórmula MDRD abreviada ou a fórmula Cockcroft-Gault, está relacionada com resultados adversos. Em uma população de hipertensos, a eGFR entre 15-59 ml/min/1.73 m2 teve um risco de eventos aumentado em 66%. No ensaio ADVANCE, uma diminuição de 50% em TFGe aumentou 2,2 vezes o risco de eventos cardiovasculares.
   A microalbuminúria em hipertensos, mesmo abaixo dos valores estabelecidos (albumina a creatinina <30 mg/g), tem um valor preditivos positivo e não há uma relação contínua do risco de DAC com níveis baixos como igual ou superior a 3,9 mg/g em homens e 7,5 mg/g em mulheres. A albuminúria reflete uma generalizada disfunção vascular e é um  preditor de irregularidades endoteliais, ativação inflamatória e progressão da aterosclerose.
  Além dos dados citados, existem os testes funcionais para avaliar isquemia miocárdica e consequentemente a presença de DAC, como o teste ergométrico que demonstrou sensibilidade e especificidade média de  68% e 77%, respectivamente. A cintilografia miocárdica com uma sensibilidade de 85-90% e especificidade de 70%, comparável ao ecocardiografia com estresse em pacientes hipertensos. A ecocardiografia com stress não deve ser indicada em assintomáticos com baixo risco. A ecocardiografia sob estresse pode ser realizada com formas dinâmicas de exercício, incluindo esteira e bicicleta, bem como com estresse farmacológico, na maioria das vezes com dobutamina e dipiridamol. Evidência acumulada sugere que o estresse na hipertensão tem um excelente valor preditivo negativo.
  Avaliação do escore de cálcio em coronárias pode ser considerada em homens e mulheres assintomáticos com mais de 40 e 50 anos respectivamente, com médio e alto risco. No entanto, devido à emissão de radiação e na era atual de custo-efetividade, esta modalidade não deve ser incentivada.
  EM CONCLUSÃO: A fim de avaliar melhor a presença de DAC em hipertensos assintomáticos, deve-se fazer uma história  e um exame clínico completo e minucioso. Um ECG, bem como exame ecocardiográfico de repouso, com intuito de buscar danos em órgãos-alvos de acordo com as diretrizes atuais. Com base no exposto, o paciente é classificado como baixo, médio, alto ou muito alto risco. Nenhum de teste funcional, deve ser indicado para indivíduos com baixo risco. Para os com médio e alto risco, um teste ergométrico deve ser feito, se for o caso de acordo com o outros critérios estabelecidos, o ecoestress ou cintilografia miocárdica podem ser considerados no passo inicial. Com base na negatividade para isquemia do teste
funcional, é aconselhado a continuar o tratamento atual. No entanto, um paciente hipertenso assintomático com um teste positivo devem ser encaminhados para angiografia coronária.